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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Ao longo do caminho colho flores


“Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Um dia em que conduzirá o rebanho para além do deserto, chegou até a montanha de Deus, Horeb. O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia. “Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome.” Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: ‘Moisés, Moisés!’, ‘Eis-me aqui!’ respondeu ele. E Deus: ‘Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa’”. (Ex 3,1-5)

É o senhor que queremos encontrar no mistério que se revela e ao mesmo tempo se esconde. A experiência de Israel mostra que Deus caminha com o povo. Ele se revela enquanto caminha, caminha e se deixa encontrar. Porém, se esconde no mistério de sua transcendência, porque o ser humano criatura finita não pode acolher na totalidade o infinito, o inacessível, o insondável. A própria revelação do nome de Deus a Moisés deixa claro essa realidade: “eu sou aquele que é”. Ele permanece um mistério para o ser humano, agindo na história do seu povo e na história humana a qual ele dirige para um fim. Portanto, buscá-lo é uma atitude constante, um caminho permanente.

Para descobrirmos esse mistério que se esconde e se mostra exige-se uma atitude de temor diante do sagrado que se busca contemplar: “tira as sandálias dos pés porque o lugar em que estás é terra santa”.

Algumas crianças depois de alguma traquinagem, de alguma travessura, se aproximam dos pais com receio, medo e até mesmo pavor. Não sabem como eles vão reagir. Lembro-me de certa ocasião em que ia ser expulso de uma escola por ter me envolvido em uma confusão. No caminho eu contava os passos e ensaiava o que ia dizer a minha mãe que pudesse abrandar sua fúria. Nada adiantou. Usando um linguajar bem cearense: Foi muita peia! Ainda bem que meu pai chegou. O bom é que com tudo isso eu pude aprender o que o temor de Deus é e o que ele não é.

Nossa relação com Deus não deve ser de medo ou pavor, mas sim de respeito e reverência, por tudo o que ele é. Diante do seu amor vem o nosso desconcerto, nosso deslumbramento e como o profeta Jeremias podemos declarar-nos vencidos: “seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir; mas forte fostes do que eu e prevaleceste” (Jr. 20,7). Nesse sentido o temor se transforma em encantamento, pois Deus caminha conosco pelo jardim da vida e sua beleza nos fascina.

 Deus é o jardineiro que nos plantou nesse mundo e cuida de nós para que seu cheiro seja sentido através do nosso testemunho. Mas, não podemos esquecer do vizinho que cheio de inveja, rancor e raiva, pisa nas flores do jardim para causar dor ao jardineiro que tanto cuidado teve ao plantá-las. Esse vizinho é o demônio que age nesse mundo querendo destruir o que Deus plantou. Ora, devemos impedir a ação desse vizinho e para tanto devemos resistir às tentações, fugir das ocasiões de pecado e vigiar para que sua ação não perturbe, perverta ou estrague nossa vida.

O livro dos Provérbios diz que “O temor do Senhor é fonte de vida para evitar os laços da morte” (Pr. 14,27). O pecado gera a morte, por isso devemos nos afastar dele. Se queremos a vida e não a morte devemos buscar a Deus, fonte de todo o bem e “aborrecer o mal” (Pr. 8,13) pelo esforço de uma vida santa. Portanto, devemos cultivar no jardim da nossa vida, o que nos aproxima do Divino Jardineiro, e a disposição para tanto nos é dado pelo santo temor. Através desse dom reconhecemos o que é belo, justo e verdadeiro. Esse dom de Deus cresce em nossa vida à medida que nos distanciamos do que nos afasta de Deus. Se me aproximo de Deus me afasto do mal. Se me distancio de Deus, me aproximo do mal. É simples. 

Quando falta o dom do santo temor, os olhos se fecham e não se enxerga mais o mal que fazemos a si mesmo e aos outros. Quando jovem, gostava muito de beber com meus amigos. O problema é que eu só tinha 15 anos e já bebia a semana quase toda. Mas naquela época não achava isso um problema, ao contrário, via nisso uma coisa boa. Os colegas me viam e gritavam: “vamos beber” e eu respondia prontamente: “vamos sim”. O perigo do alcoolismo rondava a minha vida e eu não conseguia perceber isso. Muitas vezes rezo louvando a Deus por ter me livrado desse mal. Quantos hoje sofrem justamente porque não enxergaram o mal que estavam fazendo a sim mesmo e aos outros? O temor do Senhor abre os nossos olhos à medida que nos deixamos amar por Ele.

Rezemos pedindo ao Espírito Santo que nos de esse dom:

“Divino Espírito, que é fruto do amor do Pai, e do Filho. Inebriai-me de amor de tal forma e tanto que eu não consiga fazer algo além de amar a Deus e ao próximo. Amém.”


2 comentários:

Lucivaniav54@gmail.com disse...

Gracas a Deus hj vc só se embriaga do vinho bom,que da vida nova....
Deus seja louvado

Maryluce disse...

Em muitas ocasiões da minha vida me deixava levar pela razão (revolta, ira) fui percebendo que estava no caminho errado hj María tá sempre me ajudando, indicando o caminho do filho. Somos vencedores.