Esteja preparado

“Que alegria quando me vieram me dizer: vamos subir à montanha do Senhor...Eis que nossos pés se estacam diante de tuas portas, ó Jerusalém! Jerusalém, cidade tão bem edificada, que forma um tão belo conjunto! Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor, segundo a lei de Israel, para celebrar o nome do Senhor” Sl 122 (121),1-4. 

O povo subia em mutirão, alegre, cantando, exaltando a Deus. Esperava ansiosamente o momento da chegada para celebrar aquele que habita nesse lugar sagrado. Jerusalém é para o povo o lugar da manifestação de Deus, onde reina a glória do altíssimo. O povo espera fazer o encontro com Deus. A cada ano eles repetem essa mesma subida e cantam com alegria, recordando os grandes feitos do Senhor.  

Quem sobe espera chegar ao seu destino, por isso mesmo planeja o que vai fazer para que tudo ocorra bem, e assim, sua jornada tenha êxito. Por isso, alguns cuidados são importantes como procurar informações do lugar, verificar os equipamentos, suprimentos necessários para a jornada, se possível, não ir sozinho, está atento aos imprevistos. 

Se quero crescer na intimidade com Deus devemos nos planejar. Mais como? 

Reconheça que seu lugar é a Igreja, que ali é seu ponto de partida e chegada. Então procure informações, queira conhecê-la, se interesse por sua história certo de que é o Espírito Santo quem a tem guiado por todo esse tempo. Viva sua rotina através do calendário litúrgico, celebre as festas e solenidades, guarde os preceitos, converse com quem já está a mais tempo e tem dado testemunho de uma vida transformada, sofra com ela, se alegre com seus feitos de ontem e de hoje.

Um exemplo pode nos ajudar. Quando nos aproximamos do Natal, temos o tempo litúrgico do Advento que nos prepara para o Natal. O Advento nos propõe um itinerário espiritual marcado pela espera ansiosa, expectativa alegre, chegada da salvação, libertação, esperança de novos tempos, conversão. Tempo de reunir a família, reencontrar amigos, celebrar, organizar e planejar o tempo que começa. O amor e perdão dão ritmo a esse percurso. A celebração dessa festa nos coloca dentro do mistério da encarnação do Verbo, e junto com o Emanuel (Deus conosco) cantamos a vida que se renova continuamente a espera da volta iminente daquele que veio para nos salvar. Quem vive esses momentos sente-se vinculado a uma realidade sobrenatural que dá sentido aos anseios e buscas que fazemos. 

Como parte do planejamento organizamos os suprimentos. O que vamos comer ao longo do caminho?  “Tomai todos e comei...tomai todos e bebei...”. O próprio Cristo é quem nos garante o alimento nessa longa e exigente jornada. Saco vazio não se põe em pé, diz o ditado popular. Desse modo entendemos que não crescemos na intimidade com Deus sem esse perene alimento que é a Eucaristia:

“A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: ‘Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo’ (Mt 28, 20); mas, na Sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde o Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança” (EE 1).

Quem quer chegar deve saber como fazer para chegar. Do Advento até a Festa de Cristo Rei (começo e fim do ano litúrgico) podemos viver uma aventura humano-divina, tendo o mesmo ponto de partida e chegada. Nesse tempo, vamos descobrindo “os porquês” e os “como” dessa caminhada que tem começo e fim. Por isso mesmo, Jesus foi enxergado pela comunidade como “o princípio e  fim”. Tudo vem dele e por Ele, “a ele toda honra e glória pelos séculos dos séculos, amém!”.