“Em minha angústia eu grito a lahweh, e
ele me responde” Sl 120 (119),1.
A angústia é sofrimento. É a alma
inquieta por alguma coisa. Nesse salmo o autor expressa sua angústia porque mora
com os que odeiam a paz. Ele diz: “eu sou pela paz, mas quando falo, eles são
pela guerra.” Em outras traduções ao invés de angústia, lemos o seu sinônimo,
tribulação. Ambas, nos fazem refletir sobre uma situação que rouba da pessoa a
paz.
Quando uma pessoa querida está hospitalizada, como você fica? Angustiada! Fazemos constantemente perguntas sobre o seu estado, a preocupação nos consome, e o alivio só chega quando sua saúde é restabelecida. Senti isso quando minha esposa foi hospitalizada com uma infecção generalizada. O seu quadro evoluiu de tal forma que sua vida corria risco. Quando me vi em meio a toda aquela situação de angústia, tribulação, medo e tristeza clamei a Deus e ele me deu uma profunda paz interior.
O ladrão (o Diabo) quer roubar de nós a paz, por
isso tem agido sorrateiramente em nossos dias, fazendo com que muitos caminhem
de cabeça baixa, tristes, acabrunhados, com medo, sem expectativas ou vontade
de viver. Uma pessoa assim caminha para a sua própria perdição. A Sagrada
Escritura nos diz o que devemos fazer: “corramos
com perseverança para certame que nos é proposto com os olhos fixos naquele que
é o autor e realizador da fé, Jesus, que em vez de alegria que lhe foi
proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha e assentou a direita do trono
de Deus” (Hb,12, Ic-2).
A
paz não é ausência de guerra, passividade ou isolamento, mas o estado da alma
aquietada, aliviada, que repousa tranquilamente. É o contrário da angústia, do
medo ou desespero. O que o Senhor nos deixou foi a paz, pois ele bem sabe o
quanto desejamos viver assim. Logo depois de ressuscitado, o Cristo, saúda seus
discípulos dizendo “a paz esteja convosco”. Qualquer um pode receber esse dom,
mas para isso, é preciso se encontrar com aquele que é o senhor da paz. Isso
exige disposição, força e coragem. A angústia pode nos fazer voltar, descer e
desistir de caminhar, mas não podemos deixar que isso aconteça porque dessa
forma vamos seguir na direção contrária pondo em risco nossa salvação.
Qual
a sensação depois de concluir um trabalho, ou quando se termina a construção de
uma casa ou mesmo quando consegue pagar uma dívida? Imagino que aliviado. Essa
é uma forma como os judeus compreende o shalom, a paz. Nesse sentido, a paz
está ligada a algo que precisa ser completado, terminado e que quando feito
gera bem-estar e harmonia consigo mesmo e com os outros. Por isso o judeu reza
pedindo para que Deus abençoe seu povo com a paz (Sl 29,11) pois reconhece que
o Deus de Abraão, Issac e Jacó é o “Deus da paz”. O messias esperado pelo povo
é chamado pelo profeta Isaías como “príncipe da paz” (Is 9,5s) e a sua chegada
vai estabelecer um novo tempo para o povo (Cf. Is 65,17-25).
Jesus
Cristo é esse Messias esperado (cf. At 2,14ss), Ele é nossa paz, o shalom do
Pai, e nos diz que não devemos nos perturbar (Jo 14,27). Tudo que vem de Deus é
gratuito, mas nem sempre queremos receber, recusando o seu dom. Devemos fazer
um novo caminho levando em nossa bolsa a semente da paz para que cresça em
nossos dias um novo tempo cujo fruto seja saboreado por todos os que creem que
o reino de Deus consiste “na justiça, na PAZ e na alegria do Espírito Santo”
(Rm 14,17).
Um comentário:
Também tive angústia, tristeza mas, nunca me afastei de Deus porque Ele sempre mostrou sua misericórdia e Maria me consola sempre. Sigo com amor no coração.
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