Depois disso, Deus provou Abraão, e
disse-lhe: “Abraão!” “Eis-me aqui”, respondeu ele. Deus disse: “Toma teu filho,
teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, onde tu o oferecerás
em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar.” No dia seguinte,
pela manhã, Abraão selou o seu jumento. Tomou consigo dois servos e Isaac, seu
filho, e, tendo cortado a lenha para o holocausto, partiu para o lugar que Deus lhe tinha indicado (...). Quando
chegaram ao lugar indicado por Deus, Abraão edificou um altar; colocou nele a
lenha, e amarrou Isaac, seu filho, e o pôs sobre o altar em cima da lenha. Depois, estendendo a mão,
tomou a faca para imolar o seu filho. O anjo do Senhor, porém, gritou-lhe do
céu: “Abraão! Abraão!” “Eis-me aqui!” “Não estendas a tua mão contra o menino,
e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus, pois não me recusastes teu
próprio filho, teu filho único”. (Gn 22, 1ss)
A nossa caminhada continua com Abraão. O segundo
testamento na Carta aos hebreus faz um belíssimo elogio ao patriarca: “foi pela fé que Abraão respondendo ao
chamado, obedeceu e partiu para uma terra que devia receber como herança” (Hb
11,8).A sagrada Escritura quando fala de Abraão sempre o associa a fé. Ele é
chamado o pai da fé.
Mas o que é fé? Aprendemos que esse conceito está ligado à
crença, diz respeito ao relacionamento do homem com Deus, apoiado firmemente na
confiança. Qualquer relação de confiança começa a partir do primeiro encontro,
onde os dois cultivam uma disposição de se conhecer cada vez mais. Esse é o
primeiro passo, decisão de amor, justamente porque se descobriu amado por Deus.
Isso faz toda a diferença ao longo da vida.
Em nossa vida fazemos
muitas escolhas, das mais simples até as mais complexas, como por exemplo, que
roupa devo usar ou qual profissão devo exercer. Toda
escolha pressupõe uma decisão e essa depende da relação estabelecida com o que
quero. Digo isso apenas para esclarecer que escolher a Deus, depende da relação
que estabelecemos com Ele. Segui-lo,
depende da confiança que temos nele.
Abraão
deixa a sua terra, deixa o lugar em que vivia e parte para um lugar
desconhecido, ainda por ser achado, que Deus lhe havia prometido. Mas que lugar
é esse? É a fé que o fará descobrir! Nesse sentido, descobrimos que fé é
caminhar, movido por uma certeza de algo que nem sempre é evidente. Deixa-me
explicar. Uma mãe põe seu filho no colo. Qual a certeza que ela tem a respeito
do futuro do filho? Ela não sabe, porém, ela cuida, zela pelo seu bem e
acredita que ele crescerá e lhe trará orgulho. Duas pessoas decidem casar. Seu
amor está estampado na cara. Mas será que eles serão felizes para sempre? Quem
pode garantir isso? Mesmo sem ter
certeza, ambos, continuam seguindo em frente, pois não deixam de acreditar. Foi
isso que moveu Abraão, essa certeza que é resultado do encontro, dessa relação
de confiança que aumenta a intimidade.
A
mesma carta aos Hebreus diz que a fé é “o fundamento da esperança” (Hb
11,1). Toda ser humano tem necessidade de crer em algo. Enquanto se crer em
alguma coisa, se espera. Se falta a fé, já não se espera mais, perde-se a
vontade de viver, e isso me coloca em um estado de paralisia, onde nada mais
importa. Quando Abraão sobe para oferecer o seu filho em sacrifício, ele leva
consigo a dor, a tristeza, a angústia de quem vai se separar de algo querido.
Quando ele desce traz consigo alegria, entusiasmo, e esperança, porque acreditou (Cf Sl 42,5). O seu filho voltou com ele. Essa nossa caminhada vai exigir fé e
disposição como a de Abraão. Na vida vamos sofrer perdas, fracassos, injustiças
ou ingratidões que podem nos levar a incredulidade, dureza, raiva ou até mesmo
desilusão. Sigamos em busca daquele que “renova todas às coisas” (cf. Ap 21,5),
que insiste para não desistirmos, pois, sua ação em nossa vida transforma
desilusão em sonhos e nos faz crer em um novo amanhecer.
Um comentário:
Estou longe da fé de Abraão, mas caminhando chego lá.
Postar um comentário