Maria no Antigo Testamento
Podemos
encontrar imagens da Virgem Maria por toda a Sagrada Escritura: no Gênesis e em
Isaías, Miquéias e Sofonias, a Amada do Cântico dos Cânticos. Abigail, Rute,
Judite e Esther. Expressões como filha de Sião, trono da
sabedoria torre de Davi, estrela da manhã, arca da aliança são atribuídas a mãe
de Deus e nossa.
Os
primeiros relatos da Sagrada Escritura assinalam para uma dramática realidade: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15). Costuma-se interpretar essa mulher,
como Maria, a nova Eva:
“Que dizia Adão
outrora? A mulher que me deste ofereceu-me o fruto da árvore e eu comi. Eram
palavras más, que agravavam a sua falta em vez de a apagarem. Mas a divina
Sabedoria triunfou sobre tanta malícia; aquela ocasião de perdoar que Deus
tinha tentado em vão fazer nascer, ao interrogar Adão, eis que agora a encontra
no tesouro da sua inesgotável bondade. A primeira mulher é substituída por
outra, uma mulher sábia no lugar da insensata, uma mulher humilde tanto quanto
a outra era orgulhosa” (São Bernardo).
No desenrolar da história o profeta Isaias faz um
esperançoso anúncio: “Portanto o Senhor
mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e
será o seu nome Emanuel” (Is 7,14)
O contexto dessa profecia aponta para
Acaz que perde a guerra. Os assírios se tornaram colonizadores de Israel, mas
Deus se manteve fiel. Ezequias, descendente de Davi, nasceu e se tornou rei, um
bom rei. Ele foi visto como a presença de Deus no meio do povo, de Deus que não
abandona, que permaneça ao lado de quem caminha. Por isso ele é Emanuel – Deus
conosco. Na plenitude dos tempos, é o Filho de Deus, nascido de Maria, que vem caminhar no meio de nós!
Maria é a virgem, filha de Sião, que
confiou em Deus, que disse “faça-se” cooperando decisivamente com o projeto de
salvação.
O profeta Miqueias, faz
fortes denúncias e julgamentos severos contra as autoridades do seu tempo. À
luz de seu sofrimento, o profeta acredita que Javé, o Deus da vida, não aceita
a injustiça. No século VIII a.C., Judá passou por momentos turbulentos, como
guerra constantes, expropriação de produtos e de terras dos camponeses,
recrutamento para os exércitos e para as obras públicas. Apesar dessa
conflituosa realidade, o coração de Miqueias se enche de uma certeza:
“Agora, ajunta-te em
tropas, ó filha de tropas; pôr-se-á cerco contra nós; ferirão com a vara no
queixo ao juiz de Israel. Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar
entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em
Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade. Portanto os entregará até o tempo em que a que está de parto tiver
dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele
permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do
Senhor seu Deus; e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins
da terra” (5,1-4).
O texto fala
diretamente de um rei-pastor, saído da tribo de Davi. Esse rei nasce do seio de
Maria, nossa mãe e rainha.
Por sua vez, o profeta
Sofonias, que pregou entre os anos 640-630 a.C., durante o reinado de Josias
(640-609 a.C.), rei que tentou fazer uma reforma religiosa no país entre os
anos 622-621 a.C., exorto o povo a endireitar o seu caminho. Os tempos são
difíceis, mais o profeta não deixa de anunciar novos tempos:
“Rejubila-te,
filha de Sião, solta gritos de alegria, Israel! Alegra-te e exulta de todo o
coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou tua sentença, eliminou teu
inimigo. O Senhor, o rei de Israel, está no meio de ti, não verás mais a
desgraça. Naquele dia, será dito a Jerusalém: Não temas, Sião! Não desfaleçam
as tuas mãos! O Senhor teu Deus está no meio de ti, como um herói que salva!
Ele exulta de alegria por tua causa, ele te renova por seu amor, ele se
regozija por causa de ti com gritos de alegria, como nos dias de festa” (Sf 3, 14-18).
De
fato, o Senhor veio para o meio de nós. Ele veio nos trazer a salvação, e para
isso, escolheu uma jovem, de um lugar marginal, Nazaré, mais que encontrou
“graça” diante de Deus.
Algumas
mulheres da tradição vetero-testamentárias são figuras de Maria:
A
humilde Abigail foi ao encontro de Davi, prostrou-se a seus pés e rogou ao rei
que não imputasse a sua casa o castigo por causa dos ultrajes do seu marido
(cf. 1 Sm 25, 23-25). Por causa de Abigail, Davi foi clemente (cf. 1 Sm 25,
26-35). Com a sua intercessão, Maria atrai o perdão de Deus que detém a mão do
acusador que quer nos condenar ao inferno. Ela é a onipotência suplicante que roga continuamente por seus filhos. Débora, a juíza, contribui para a vitória
do Povo que se sente ameaçado pelo inimigo que quer invadir e destruir (cf. Jz
4; 5). Que tamanha vitória nos foi dada pelo sacrifício redentor do filho de
Maria, nosso Senhor e Salvador?
Diante
da ameaça do poder estrangeiro, Judite é exaltada por sua coragem. Ela se
“agiganta” ante o poder estrangeiro servindo-se de sua astucia e beleza para
vencer essa luta desigual. Essa beleza também se encontra em Maria, ela que
observou a lei, que viveu sua rotina “prenha de sentido” transformando o
ordinário em extraordinário. Sua beleza se manifesta ainda mais radiante diante
da cruz, quando permanece de pé.
Ave
Maria, cheia de Graça!
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