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quarta-feira, 3 de abril de 2019

Mestre, que belo estarmos aqui!



Os Evangelhos relatam um acontecimento ocorrido no cume do monte: a transfiguração. Jesus escolhe três dos seus apóstolos, Pedro, Tiago e João e sobe com eles e, diante dessas testemunhas se transfigura (Cf. Mt 17,1-12; Mc 9, 2-13;Lc 9,28-33). É um quadro rico de sentido, pois ali, EOs Evangelhos relatam um acontecimento ocorrido no cume do monte: a transfiguração. Jesus escolhe três dos seus apóstolos, Pedro, Tiago e João e sobe com eles e, diante dessas testemunhas se transfigura (Cf. Mt 17,1-12; Mc 9, 2-13;Lc 9,28-33). É um quadro rico de sentido, pois ali, Ele manifesta todo o seu esplendor. Ao contemplar esse acontecimento, Pedro diz atônito “Mestre, que belo (bom) estarmos aqui!”.

A montanha é lugar de encontro com Deus. Dois personagens que aparecem na cena, Moisés e Elias tiveram experiências luminosas nesse lugar de solidão. (Cf. Ex 24; 1 Rs 19). Devemos subir a montanha para orar, e porque não dizer aprender a orar como uma montanha, entrar em comunhão com aquele que se deixa conhecer. A montanha permanece imóvel diante da eternidade, nada é capaz de abalar. A própria imagem da montanha é um convite a adquirirmos raiz, solidez, firmeza em nossa vida. Esse encontro faz com que eu tenha um conhecimento de Deus e de mim mesmo que me abre ao transcendente. Me afasto ao mesmo tempo em que me aproximo, estou distante e tão próximo e acabo descobrindo o que se escondia.

Diante das testemunhas escolhidas, Jesus se transfigura. Pedro contempla e deseja permanece naquele lugar, seus olhos estão diante do eterno. É uma troca de olhares que o deixa deslumbrado, espantado e fascinado. Deus revela ao ser humano, criatura finita, o mistério de sua transcendência, e ele acolhe o inacessível, o insondável e inefável na fragilidade de sua condição. “Em sua luz contemplamos a luz” e nela somos transformados. Sua ação em nós dissipa toda a escuridão e nos faz enxergar a beleza que seduz. Mas, é preciso descer, mesmo querendo permanecer nesse lugar é preciso descer, pois devemos resplandecer a luz do Tabor. Não foi a isso que Cristo nos chamou? (Cf. Mt 5,16).

Pedro não entendia que Jesus precisava descer para realizar o projeto de salvação do Pai. “Desce para sofrer na Terra, para servir na Terra, para ser desprezado e crucificado na Terra. A Vida desce para se fazer matar: o Pão desce para passar fome; o Caminho desce para se cansar de andar; a Fonte desce para ter sede; - e tu recusas-te a sofrer? (CIC 320).

Diz São Leão Magno: “A principal finalidade dessa transfiguração era afastar dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humilhação da paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinham sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo”.

Não existe ressurreição sem cruz, glória sem dor e sacrifício.

Moisés e Elias, são testemunhas do acontecimento. Eles representam a lei e os profetas que se inclinam aquele que é o centro do mistério. Ela testemunha a favor daquele que realiza em si a plenitude do que havia sido anunciado. O cumprimento da promessa se realiza em Cristo Jesus, Nosso Senhor. Ele é a plenitude, a nova e eterna aliança.

A subida e a descida que está presente como movimento do próprio monte pode se realizar em cada momento da vida, dando ao tempo o “ritmo” marcado pela Palavra que “ilumina os nossos passos” que nos anima a uma vida nova. Esse movimento nos dá a possibilidade de promover uma saída do mundo para voltar a ele animando-o com a força do Espírito Santo que é vida e gera vida.

Ouvindo o “Filho muito amado” devemos animar com o espírito do evangelho as realidades temporais. Ter um olhar sobre a família, o trabalho, a política, a educação e sobre todas as outras realidades do mundo com o firme propósito de colaborar na transformação daquelas realidades que tem se distanciado dos valores evangélicos. Isso significa o esforço próprio de olhar o mundo na sua totalidade: contemplação e ação, oração e trabalho, fé e vida.

A experiência da Transfiguração se torna um quadro a ser contemplado a cada dia, onde a beleza dessa luz que irradia sobre os discípulos nos alcança fazendo de nós testemunhas da beleza no meio de uma geração desfigurada, portanto, sem rosto, que no encontro com o Cristo crucificado e ressuscitado descobrem novo sentido em sua vida.

Essa experiência nos torna arautos da esperança. Quando o Senhor desce o monte, a cena é de falta de sentido e desespero. Ele logo censura a falta de fé dos discípulos e indaga ao Pai daquela criança se ainda existe fé. O anúncio do Cristo transfigurado deve comunicar essa fé, a adesão daqueles que fazem parte “dessa geração incrédula”, da qual se refere o Senhor.

Mestre, que belo estarmos aqui!

Um comentário:

Maryluce disse...

Foi na subida ao encontro de Jesus que suportei minhas dores, mesmo,as vezes, falhando na descida, Ele continua sendo minha luz.