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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

O povo considerava João um profeta


João Batista faz parte da lista dos grandes profetas do Antigo Testamento, como Amós, Oséias, Jonas, entre outros. Como profeta, ele é palavra viva, atualiza o hoje de Deus na história. Ele é filho de Isabel e Zacarias, e os seus pais cantam no Benedictus, a missão do filho: “E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos”. 

Alguns acham que João era o Messias, mas ele sabe quem é, reconhece que é simplesmente aquele que organiza a festa. Para celebrar bem essa festa, ele costuma chamar a conversão aqueles que vão até ele. Era como se ele dissesse aos seus ouvintes: vistam uma roupa nova, deixa essa roupa velha (II Cor 5,17), pois o “rei da glória vai chegar” (Cf. Sl 23,9).

Quando fazemos isso, é como se o próprio Deus rasgasse a veste marcada pelo pecado para colocar uma veste nova costurada por Ele mesmo. É vestido com essa nova veste que vamos receber aquele que “batiza com o Espírito Santo”. Vestir veste nova, significa arrepender-se do pecado. Isso muda a direção da nossa vida, e é isso que chamamos de conversão. 

Podemos dizer que conversão é escolher o caminho aberto pelo mistério pascal do Cristo. Por esse caminho, muitas passaram como Inácio, Perpétua e Felicidade, Ambrósio, Agostinho, Teresa e tantos outros que se transformaram em profetas da nova aliança. 

Como profeta, João Batista vive entre a antiga e a nova aliança. Ele traz consigo as antigas profecias que falam do Messias (Cf. Is 7,14)  e testemunha a chegada do próprio Messias a quem ele diz não ser digno de "desatar a correia de suas sandálias". 

Jesus olha para João e diz: "que se cumpra toda a justiça". Simbolicamente, podemos dizer que o grande profeta tira as sandálias de Jesus e calça em si mesmo. Calçar as sandálias do Cristo é assumir seu projeto. Pisar onde ele pisou, deixar as marcas da salvação por onde passar para que assim, realizemos nosso papel neste percurso que estamos fazendo nesse momento. 

João reconheceu seu lugar no plano da salvação. "Eu não sou o Messias", dizia ele. A alguns de seus discípulos ele dizia, "siga a Jesus" e a outros, "convém que ele cresça e que eu diminua". Nós precisamos também reconhecer o nosso lugar, e posso dizer, que disso depende nossa "alegria completa" (Cf. Jo 15,11). Nas idas e vindas vamos iluminando e sendo iluminados (Cf. Mt 5,16; Jo 8,12) para não perdermos o compasso e nem deixarmos de dar os passos na direção daquele que é "o princípio e o fim de tudo" (Cf. Ap 22,13).


 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

A casa de Marta e Maria


"Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. Tinha uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada." (Lc 10, 38-42).

A casa de Marta e Maria é um apelo constante à contemplação e à ação. A contemplação é uma educação do olhar. Uma vez fui ao interior do meu estado e no caminho meu irmão parou e pediu que todos nós desligássemos os faróis dos carros. De repente apareceu um céu estrelado que nos deixou atônitos. Fiquei divagando comigo mesmo: “Onde estava você, ó céu tão lindo, que não o vejo todos os dias?” Algumas experiências têm a força de nos deixar estupefatos, admirados e fascinados, ficando registrados em nossa memória.

Algo semelhante acontece com os pais que acompanham o nascimento e crescimento dos seus filhos. Com muito cuidado colocamos nos braços nossos filhos e abobalhados os olhamos por um longo tempo. Estamos diante de um mistério! De repente percebemos que eles estão crescendo, desvendando os enigmas do lugar em que vivem, a começar pela língua. Eles rapidamente se comunicam e depois dos primeiros passos suas descobertas só aumentam. Os pais costumam guardar objetos que recordam um momento de importante significado na vida dos filhos. Isso transcende o tempo e o espaço e nos lança nas lembranças carregadas de sentido.

Alguns momentos vividos por nós precisam ficar eternizados, por isso ao longo do tempo a fotografia passou a ter um importante papel como guardião da nossa memória. Ela nos aproxima do passado, nos faz reviver o que não queremos esquecer. As fotografias têm a força de provocar milhares de sentimentos, renovando sonhos e expectativas, fazendo com que emoções permaneçam vivas em nossa história. 

    Se na época das duas irmãs, a foto tivesse sido inventada, elas teriam feito um álbum para eternizar esses momentos vividos com o Mestre.

Quando Nosso Senhor chega à casa de Marta, Maria, sua irmã, deixa tudo de lado e presta atenção só nele. O deslumbramento desse encontro fez com que ela desprezasse todo o resto. A admiração que esse encontro lhe causou, a fez esquecer todas as suas tarefas, se perdendo nesse instante que seria perenizados.   

    Nossa sociedade é marcada pela imagem. Costuma-se dizer que “a propaganda é a alma do negocio”, por isso mesmo se vende a imagem de um produto criando no consumidor uma necessidade. Os shoppings centers se transformaram nos modernos santuários onde cada transeunte tem o seu valor transformando-se em um potencial consumidor. A antiga influência grega do culto ao corpo foi redescoberta fazendo com que nos preocupássemos novamente com a aparência. Nesse contexto, a reeducação do nosso olhar, marcada pela contemplação de Cristo, abre os nossos sentidos para descobrirmos o que realmente importa. 

    Deus nos colocou em um lugar comum – a casa – que se transforma em um ambiente sagrado. Devemos olhar o que nos rodeia e contemplar a beleza que se esconde. Quase sempre fazemos as mesmas coisas e isso pode pôr uma venda nos olhos impedindo-nos de enxergar novamente a beleza que nos cerca. Ressignificar é sem dúvida um dos nossos grandes desafios, principalmente em um mundo marcado pela rotina. É óbvio que isso exige um esforço próprio de caminhar iluminado pelo mistério de Cristo que tudo renova e faz com que as coisas ganhem novo sentido. 

    Coloque os olhos na sua casa e contemple a beleza do Evangelho vivo anunciado através dessa “Igreja Doméstica”.

A decisão marcada pelo consentimento amoroso dos noivos faz com que um novo altar fosse erguido. A casa é uma verdadeira Igreja onde os esposos exercem seu sacerdócio comum imolando a cada dia um sacrifício capaz de transformar o lar em um dom que deve ser partido e repartido em favor de uma sociedade onde os valores evangélicos devem se tornar os referenciais para crianças, jovens e adultos.

 A beleza da fé cristã que os casais assumem depois do sacramento do matrimônio corre o risco de se enfeiurar ao longo do tempo por causa das ideologias veiculadas através de propagandas que tentam perverter os valores cridos por nós. Se você assiste com muita atenção a uma novela, vai perceber claramente, que a traição é trabalhada com humor. Os casais se traem e fazem disso uma brincadeira. Busca-se a “harmonia” depois da confusão que se criou. Em uma sociedade em que se quer normatizar o feio, os álbuns de famílias passaram a ter uma nova feição. No álbum, o pai e a mãe deram lugar ao padrasto e a madrasta, não se fala em esposo e esposa e sim, companheiro e companheira. Decidem dividir a mesma casa, querem fazer um “test drive”, quando não, vivem em casas diferentes compartilhando alguns momentos juntos. O que se procura na verdade é uma vida fácil, prazeres desmedidos, diversão. 

O prazer é necessário para uma vida saudável, mas precisa estar associado ao compromisso, à cumplicidade, doação de si mesmo, alegria, generosidade, fidelidade, respeito. De outra forma esvazia o seu sentido e se abre um perigoso caminho para a corrupção.

A revolução sexual da década de 60 foi paulatinamente impondo à sociedade um comportamento baseado na liberdade sexual incentivando homens e mulheres a se aventurarem no prazer. O apelo à experiência passou a ser um regulador sócio-psicológico para novas descobertas nesse campo da sexualidade humana. Houve uma nefasta associação às drogas como a maconha, depois a cocaína, com o intuito de provocar novos prazeres. A partir de então, percebemos uma crescente exploração comercial do sexo através das músicas, TVs, revistas, jornais, filmes, cinemas, teatros, que tem modificado a forma como nos relacionamos. A indústria pornográfica é um produto dessa revolução faturando bilhões todos os anos produzindo material disponível 24 horas por dia. Tudo isso nos leva a crer que estamos diante de uma grande erotização da sociedade que atinge frontalmente as famílias. 

Com isso, recordamos uma antiga luta contra um grave pecado: a luxúria. O Catecismo da Igreja Católica diz que “a luxúria é um desejo desordenado ou um gozo desregrado do prazer venéreo. O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e de união”. Santo Tomás de Aquino afirma que “há sempre uma espécie determinada de luxúria onde houver uma razão especial de deformidades, que torne o ato sexual indecente. Isso pode ocorrer de dois modos: primeiro, quando choca com a reta razão, como é o caso de todos os vícios de luxúria; depois, quando, além disso, se opõe à própria ordem natural do ato sexual próprio da espécie humana, o que constitui o chamado vício contra a natureza. Isso pode se dar de muitas formas”.

O pecado da luxúria corrompe aquilo que é belo, estabelecendo uma desordem, provocando uma progressiva degradação do ser humano em suas relações, fragilizando o indivíduo, levando a morte.

Passa a se enxergar o outro como “coisa”, coisificando os relacionamentos levando em conta o proveito, a utilidade, a serventia. Procuram-se amores e não compromissos, satisfação de desejos e não doação de si mesmo. O apelo a “múltiplas relações amorosas”, permitindo viver a aventura dos prazeres tem contrastado com a necessidade de compromisso, fidelidade e respeito. Na década de 60, o artista Raul Seixas na música “Medo da chuva” relaciona o casamento a uma escravidão, achando necessário se libertar da dominação imposta. Não é isso que pensam muitos jovens sobre o casamento?

Olhares, pensamentos e sentimentos, das antigas e novas gerações, têm sido marcados por um forte apelo pornográfico que tem feito grandes estragos. Com pequenas doses vamos enchendo a alma de sujeira, imundícies criando uma rotina perversa que reduz o indivíduo a um mero objeto. Vamos aumentando a dose e sem menos esperar estamos inchados de desejo, sedução, malícia, mentiras, egoísmo. Santo Afonso nos ensina que “quase todas as paixões que se revoltam contra nosso espírito têm sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam em nós, de ordinário, as inclinações desregradas.”

E é no segredo que essa perversão vai inchando o indivíduo deixando-o mórbido. Do segredo dos pensamentos ao segredo do quarto, do banheiro, do trabalho, da internet, das redes sociais, vamos vendo a degradação moral que desfigura aquele que é chamado a amar como Jesus amou. Se dermos ouvido ao convite do Mestre para “entrar no quarto e orar ao Pai em segredo...” (Cf. Mt 6,6) não estaremos mais sozinhos mas na companhia Daquele que nos arranca “do poder das trevas e nos introduz no reino de seu Filho muito amado, na qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cf. Cl 1,13).     

Devemos reeducar nosso olhar. Voltando à cena do Evangelho, aprendemos com Maria o que devemos fazer para vencer esse mal. Ela ficou extasiada diante do Senhor, não tirou os olhos dele, seu fascínio por Jesus a fez “escolher a melhor parte”. A contemplação das imagens sagradas, alguns minutos diante do Santíssimo Sacramento, a meditação da cruz, a iconografia, são apenas alguns meios que o Médico dos médicos dispõe para nos curar. Devemos encher nossos olhos das “coisas do alto”, (Cl 3,1), nos envolver com o sagrado, procurar desvendar os segredos do eterno, entrar na esfera do divino. Nosso esforço deve ser para fazer essa experiência transfigurante para que a beleza escondida em nossa casa seja achada novamente. 

domingo, 19 de junho de 2022

EU SOU

 

EU SOU aquele sou (Cf. Ex 3,14).

EU SOU o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Issac e de Jacó (Cf. Ex 3,6).

EU SOU o Senhor que te criou e de te formou desde o seio materno (Cf. Is 44,2).

EU SOU o Senhor, que te fez sair da casa da servidão e te pôs em marcha no caminho da liberdade (Cf. 20,2).

EU SOU o Senhor, um Deus zeloso (Cf. Ex 20,5).

EU SOU o Senhor, que vos santifico (Cf. Ex 31,13; Lv 19,3).

EU SOU a tua parte e a tua herança (Cf. 18,20).

EU SOU o Senhor, que habito em vosso meio (Cf. Nm 35,34).

EU SOU teu Deus, eu te fortaleço e venho em teu socorro (Cf. Is 41,10).

EU SOU o Senhor, teu Deus, teu salvador (Cf. Is 43,3).

EU SOU o Senhor, manifesto minha glória a todas as nações (Cf. Ez 38,23).

EU SOU o Senhor, teu Deus. Eis que eu vou dou um novo mandamento (Cf. Jo 13,34).

EU SOU o Senhor, rico em misericórdia (Cf. Lc 15,11).

EU SOU o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; aquele que crê em mim jamais terá sede (Cf. Jo 6,35).

EU SOU a vossa alegria (Cf. Mt 5,3).

EU SOU o pão que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente (Cf. Jo 6,51).

EU SOU a luz do mundo, aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida (Cf. Jo 8,12).

EU SOU a porta. Se alguém entrar por mim será salvo (Cf. Jo 10,9).

EU SOU o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. Minhas ovelhas me conhecem, escutam a minha voz (Cf. Jo 10,11).

EU SOU a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, viverá (Jo 11,25).

EU SOU o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, se não por mim (Cf. Jo 14,6).

EU SOU a videira, vós os ramos; quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer (Cf. Jo 15,5).

Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim (Ap 22,13).

EU SOU o mesmo, ontem, hoje e sempre (Cf. Hb 13,8).

E vós quem dizeis que sou? (Cf. Lc 9,20).  

 

 

 

 

domingo, 29 de maio de 2022

Amo-te Deus sacramentado

Amo-te Deus sacramentado, tu que fazes a semente crescer para alimentar os que tem fome. 


Amo-te Deus sacramentado, tu que fazes a água límpida correr para saciar os que tem sede. 


Amo-te Deus sacramentado, que escolhestes Abraão para fazer o sacrifício da fé viva.


Amo-te Deus sacramentado, tu que nos chamas a subir pela escada onde sobem anjos e santos. 


Amo-te Deus sacramentado, tu que libertas o povo do cativeiro, quebrando as cadeias da opressão.


Amo-te Deus sacramentado, tu que nos destes uma lei espiritual que recria a vida a cada dia.


Amo-te Deus sacramentado, tu que convocas teu povo a se unir aos que cantam louvores ao Senhor. 


Amo-te Deus sacramentado, tu que me guia por entre nuvens de testemunhas que deixaram na história, rastros luminosos.


Amo-te Deus sacramentado, formas profetas que com línguas afiadas anunciam o projeto de salvação.


Amo-te Deus sacramentado, nos deixastes, Moisés e Elias como exemplo do caminho que devemos escolher. 


Amo-te Deus sacramentado, tu que iluminas nosso caminho através da Palavra viva e eficaz, lâmpada para os nossos passos.


Amo-te Deus sacramentado, que falastes pelo testemunho de Débora, Judite e Esther, uma palavra de fidelidade.


Amo-te Deus sacramentado, fostes gerado na plenitude dos tempos  no seio de Maria para a salvação de todos os povos.


Amo-te Deus sacramentado, tu percorrestes tantos lugares ensinando os que encontrava, seu mandamento do amor. 


Amo-te Deus sacramentado, Pão partido e partilhado que desce do céu para alimentar a alma.


Amo-te Deus sacramentado, o mesmo ontem, hoje e sempre, no aqui e ainda não da história a espera de sua vinda gloriosa. 







 






sábado, 7 de maio de 2022

O Espírito Santo e os pobres de Javé

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Oração inicial:

Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.

Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.

Amém!

Reflexão:

“Zacarias, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou...” (1,67).

O Espírito Santo habitava o velho Simeão. Ele foi “impelido pelo Espírito Santo” ao Templo onde contemplou a salvação que veio de Deus (Cf. 2, 25-26.30). 

Zacarias ouve do anjo que seu filho será “cheio do Espírito Santo desde o seio de sua mãe” (1,15) e ele irá “adiante de Deus com o Espírito e poder de Elias” (1,17). 

O Espírito Santo faz a escolha dos “pobres de Javé”, os Anawin. Esses reconhecem que dependem do Senhor, que confiam sua vida a Ele. Zacarias e Isabel, Maria, Simeão, Ana e João Batista não estavam de mãos vazias, pois tinham sido enriquecidos pela fé que depositavam em Deus. O Senhor não se revela por meio dos mecanismos de poder, isso pode ser comprovado através da encarnação do Filho que se deu na condição de pobreza crescendo na simplicidade da vila de Nazaré. “Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, se fez pobre por vós para vós enriquecer com a sua pobreza” (2 Cor 8,9). O Papa Francisco em uma de suas mensagens para a Quaresma reflete sobre esse recado do apóstolo: 

Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós (...) aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de Cristo, que nos enriquece, e Ele fazer-Se carne, toma sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus. A pobreza de Cristo é a maior riqueza: Jesus é rico de confiança ilimitada em Deus Pai, confiando-Se a Ele em todo o momento, procurando sempre e apenas a sua vontade e a sua glória. É rico como o é uma criança que se sente amada e ama os seus pais, não duvidando um momento sequer do seu amor e da sua ternura. A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua relação única com o Pai é a prerrogativa soberana deste Messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar sobre nós o seu «jugo suave» (cf. Mt 11, 30), convida-nos a enriquecer-nos com esta sua «rica pobreza» e «pobre riqueza», a partilhar com Ele o seu Espírito filial e fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos no Irmão Primogênito (cf. Rm 8, 29)”. 

O Espírito Santo se manifesta na vida desses “pobres de Javé”, porque eles não guardam no coração nada que os separa de Deus, sua maior riqueza é a confiança em Deus. Essa é uma condição para a vida no Espírito: ter um coração pobre, completamente submisso a Deus. A mãe de todos os Anawin, a cheia de graça, é nosso maior exemplo. Como resposta ao anjo, Maria responde, “eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa Palavra”. O Espírito Santo vem em plenitude sobre aqueles que dizem sim ao projeto de salvação. Esses são enriquecidos com a plenitude do Espírito. 

"Vinde, Espírito Santo, vinde por meio da poderosa intercessão do Imaculado Coração de Maria, vossa amadíssima esposa"

Oração espontânea.

Oração final:

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Maria, mulher cheia do Espírito Santo.

  Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Oração i

nicial:

Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.

Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.

Amém!

Reflexão:

Quando Maria visita sua prima Isabel, “ela fica cheia do Espírito Santo” (1,41).

O anjo diz a Maria que algo prodigioso havia acontecido com Isabel sua prima. Ela estéril, concebe uma criança na velhice. Depois que o anjo a deixa, “ela sobe apressadamente” para encontrar sua prima. Quando Maria entra em sua casa, Isabel fica cheia do Espírito Santo, sua visita trouxe o grande dom do Pai.

O que podemos esperar de uma visita? Quando recebemos alguém em nossa casa isso nos causa grande alegria, contentamento, porque é momento de celebração. Sempre inventamos motivos para ficarmos juntos: aniversários, comemorações como dia das crianças, dos pais, das mães, Páscoa, Natal, etc. A casa é o lugar para reunir, unir às pessoas que gostamos, colocar o papo em dia, falar das conquistas, das dificuldades, enfim, fazer dessa ocasião uma oportunidade de criar vínculos. Nessa hora, acolho, partilho, quero agradar. Às vezes não estamos tão bem, mais “disfarçamos” procurando oferecer nosso sorriso aos que chegam. Agora quando essa visita é inesperada? Maria não avisou. Mas, “apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo”. O bendito fruto do seio de Maria transforma a casa de Isabel em um pequeno cenáculo (Lc 1,41).

Nossa casa pode se transformar em um pequeno cenáculo? O encontro dessas duas grandes mulheres responde a essa pergunta. As duas são “benditas”, uma mais e outra menos. O sim de uma fez ecoar a voz daquele que “clama no deserto”, que nos chama ao arrependimento para acolher com alegria o messias esperado. O sim da outra faz com que seja ouvida a voz do “filho amado” em quem encontramos a salvação. Portanto, para que nossa casa seja um pequeno cenáculo devemos dizer nosso sim a cada dia a vontade de Deus.

Sim, faça-se! Quem pode dizer isso? Qualquer um que crer, que espera e confia em Deus. O encontro que vimos aqui nessa bela cena é de duas mulheres que cresceram querendo fazer a vontade de Deus. Traziam gravadas em seu coração aquilo que a Torá transmitia a milhares de anos: “O Senhor nosso Deus é o único Senhor, portanto, amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5). 

O Espírito Santo cresce na vida de quem aprende a dizer sim, sim a vida e não a morte. O próprio Senhor quer que tenhamos “vida em abundância” (Cf. Jo 10,10), e isso se dá  pela ação poderosa do Espírito Santo que faz crescer em nós o mesmo “sentimento que existe em Cristo Jesus “ (Cf. Fl 2,5). 

Isabel reconhece Maria como a mãe do Salvador e se enche de alegria com essa bendita visita. Devemos então, por os olhos em Maria e aprender com ela a dizer sim. Cresci cantando uma música que dizia: “quero dizer meu sim, como tu Maria...”. Quando rezamos o Rosário vemos ecoar “a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor” (São João Paulo II). 

Através da oração do Rosário meditamos o Evangelho e vamos dizendo nosso sim diário a vontade daquele que nos chama a trans formar nossa casa em um pequeno cenáculo. Sim que se dá através do trabalho cotidiano, da oração perene, do serviço doado, do reconhecimento dos nossos pecados. O sim que se dá quando carregamos nossa cruz a cada dia, quando celebramos a vitória de Cristo sobre o pecado. 

Roguemos a intercessão de Nossa Senhora para que o Pentecostes se renove continuamente. Tragamos gravado em nossa vida essa simples e eficaz oração, que nos faz entrar no ritmo do Evangelho.

Oração espontânea.

Oração final:

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém

terça-feira, 3 de maio de 2022

O Espírito Santo só vem aos humildes!

 Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Oração inicial:

Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.

Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.

Amém!

Reflexão:

“O Espírito Santo descerá sobre ti” (1,35).

Nazaré era uma vila de pouca importância na região. Natanael diz com espanto “pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Cf. Jo 1,46), o que demonstra que o lugar é marginal. Mais não foi em Alexandria ou Roma, mais sim nesse lugar, que o anjo comunicou aquela jovem menina o plano de Deus. “A cheia de graça” é uma jovem que se vê diante de uma grande missão: ser a mãe do Salvador. Ela como qualquer outra jovem judia conhecia as profecias sobre a vinda do Messias (Cf. Is 7,14; 11, 1-9; Ml 3,1; Mq 5, 1, etc). Ela só não imaginava que ela seria a escolhida.

E por que Ele escolheu uma jovem menina, de uma vila sem importância alguma? Por que não uma jovem menina da nobreza? Ela mesma responde no seu canto: “Ele olhou para a humildade de sua serva”. Essa é uma condição importante para ser cheio do Espírito Santo.

Mais o que é humildade?

É a virtude daqueles que reconhecem sua condição, aceitam o que são. Fazem isso não para se acusar, condenando a si mesmo, mais sim para se submeter a vontade daquele que tudo conhece. Dessa virtude Maria é exemplo. Ela reconheceu o seu lugar no plano da salvação, escondeu-se no silêncio da casa de Nazaré, cumprindo com seu papel na obra da redenção. No casamento em Caná da Galiléia, fala com o seu Filho sobre a falta de vinho. Sabia que era a única coisa que devia fazer, por isso mesmo diz aos serventes: “façam tudo o que ele vos disser”. Maria não só faz a vontade de Deus, mais quer que todos a façam. Ela sabe que a alegria consiste em fazer a vontade de Deus. Depois de sua intercessão, Jesus realiza o seu primeiro sinal. Leão XIII em sua Encíclica sobre o Rosário diz que “por expressa vontade de Deus, nenhum bem nos é concedido se não é por Maria; e como nada pode chegar ao Pai senão pelo Filho, assim geralmente nada pode chegar a Jesus senão por Maria”. Em sua humildade, Deus a exalta. 

A humildade é o contrário do orgulho. Os nossos primeiros pais ouviram o que disse o Diabo e se encheram de orgulho, quiseram ser “como deuses”. Se eu sou um “deus”, logo não preciso de outro deus que me diga o que eu devo fazer. Eu me basto, faço o que quero, acho que sou a pessoa mais importante do mundo e que não preciso de ninguém. Quem cultiva a virtude da humildade pensa o contrário, pois reconhece que só Deus basta a si mesmo, olha e entende que somos seres incompletos que só pela ação do Espírito Santo podemos ser preenchidos do que nos falta. 

O que vejo quando olho para mim? Muitas vezes tenho tanta consideração por mim mesmo que quero fazer uma estátua para a glória do meu nome. Ou, me considero tão insignificante que não reconheço o meu valor. O Espírito Santo quer agir em nós revelando a verdade sobre quem eu sou, me fazendo enxergar o que posso e o que não posso, o que tenho e o que não tenho na certeza de que, confiando Nele, nada nos faltará. O orgulho nos afasta de Deus justamente porque deixamos de confiar Nele para confiar em si mesmo. Deus nada pode fazer em um coração orgulhoso. O Espírito Santo só vem aos humildes, porque esses reconhecem que são criaturas e precisam de Deus. Muitas vezes o Espírito Santo, querendo nos comunicar a virtude dos santos, nos faz viver em comunidade para aprendermos através da convivência. Acredito que esse é outro grande desafio, necessário, a convivência. Quem quer agradar a Deus, precisa aprender a conviver. Viver é um dom, conviver é uma conquista. 

“Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, HUMILDADE, doçura e paciência” (Cl 3,12)

Oração espontânea.

Oração final:

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Derramarei o meu Espírito!

 Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Oração inicial:

Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.

Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.

Amém!

Reflexão do dia:  “Depois disso, acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo” (Jl 3,1a). 

Joel começa a sua profecia com uma imagem desoladora: "Os campos estão devastados, o solo enlutado. O trigo foi destruído, o mosto perdido, o óleo estragado. Os lavradores estão desamparados, os vinhateiros lamentam-se por causa do trigo e da cevada, porque a colheita foi destruída" (Jl 1,11-12). O povo se enche de preocupação, porque sua subsistência está ameaçada. 

O que fazer então? Joel chama o povo para imolar um sacrifício espiritual. Em primeiro lugar, ele faz uma leitura dos sinais dos tempos, tentando aprender com essa tragédia. Então, depois disso, ele convoca o povo ao arrependimento. 

Em suas andanças, Jesus indagou os fariseus por não serem capazes de ler os sinais dos tempos (cf. Mt 16,4). E o que isso significa? que a história comunica uma mensagem profética ao mundo! Certa vez, Jesus, contou uma história aos seus discípulos onde mencionou o que havia acontecido aos galileus que Pilatos mandou executar e os que morreram fatalmente na torre de Siloé (Cf. Lc 13,1-9). Ele quis que os seus discípulos aprendessem com o passado para transformar o presente. O hoje, o ontem e o amanhã devem ser lidos pelas lentes do Espírito Santo, para desse modo, reconhecer o mistério do Deus vivo que caminha no meio de nós. 

Faça a leitura da sua história de vida. Você vai perceber que não chegou até aqui sozinho! Deixe que o Espírito Santo lhe ensine a aprender corretamente as lições do passado. O ontem fez você chegar ao hoje. Quem sabe seja momento de celebrar, agradecer, festejar. Ou talvez de se arrepender, pedir, suplicar. De uma forma ou de outra, é tempo do Espírito te transformar. 

É importante também olhar ao redor e buscar encontrar Deus. Sim, os acontecimentos são lições que nos educam, desde que, olhemos com as lentes do Espírito. Deus age no meio de nós chamando seu povo à conversão. Por isso, tudo o que acontece pode nos ajudar a fazer esse caminho. É isso que o profeta Joel faz. Ele lê os acontecimentos do tempo presente na ótica do Espírito para convocar o povo ao arrependimento: "Rasgai vossos corações e não vossas vestes; voltai ao Senhor, vosso Deus, porque ele é bom e compassivo, longânime e indulgente”. 

O profeta olha para o futuro e proclama em nome do Senhor, “depois disso, acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo”. É isso que Deus quer: um grande derramamento do Espírito! Para isso, é necessário rasgar o coração.

Rasgar o coração é arrepender-se. Quando fazemos isso, é como se o próprio Deus rasgasse a veste marcada pelo pecado para colocar uma veste nova costurada por Ele mesmo. É vestido com essa nova veste que podemos receber o Espírito com abundância. Quando um copo se derrama é porque ele está todo cheio. Deus quer fazer isso conosco. Qual a condição? Vestir veste nova, que significa arrepender-se do pecado. 

Peça nesse momento ao Espírito Santo, o arrependimento. Reze com esse trecho do Salmo 50: "Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar."

Oração espontânea.

Oração final:

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém

domingo, 1 de maio de 2022

Vem Espírito Santo dos quatro cantos!

 Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Oração inicial:

Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.

Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.

Amém!

Reflexão do dia: 

"Profetiza ao espírito, disse-me o Senhor, profetiza, filho do homem, e dirige-te ao espírito: eis o que diz o Senhor Javé: vem, Espírito, dos quatro cantos do céu, sopra sobre estes mortos para que reviva (Ez 37,9)".

Essa visão do profeta Ezequiel é aterrorizante. Um grande cemitério, nenhum sinal de vida, apenas desolação, tristeza e desespero. Esta imagem reflete bem a situação do povo de Israel. Ezequiel testemunhou como muitos de seus compatriotas a destruição do templo e o desterro do povo para uma terra estrangeira, em 548 a.C.

A imagem foi muito adequada para descrever os sentimentos que alimentam a alma do povo naquele momento. Os últimos acontecimentos “mataram” a esperança do povo. Ezequiel ouve a pergunta: “Esses ossos poderão reviver?”, o que significa dizer, “o povo voltará a ter esperança novamente? Essa é uma ação que depende de Deus. Ele sopra o seu Espírito, que de acordo com a visão, será responsável pela restauração do povo.

O exílio do povo de Israel foi interpretado como um sepultamento. Eles acabaram perdendo tudo que tinham de mais valor: a terra, o rei e o templo. Por isso, a imagem retrata bem como o povo estava se sentindo naquele momento. Na profecia de Ezequiel o Espírito se manifesta como espírito vital, que devolve a vida aquilo que está morto. Dos quatro cantos da terra, esse Espírito é soprado para animar o que antes era só morte.  

Essa experiência trágica criou no povo um sentimento de “vale de lágrimas”, de abandono, solidão e tristeza. Podemos dizer que esse ocorrido trouxe morte à fé do povo. Essa visão do profeta é de ressurreição, é a vida vencendo a morte.

A vida é comunicada novamente ao povo como uma ação do Espírito. Devemos, portanto, profetizar como Ezequiel: “Vem Espírito Santo, dos quatro cantos da terra”. Uma profecia que devolva a fé e a esperança ao povo, nesse tempo de exílio existencial.

Quando Israel começou a olhar para si mesmo, descobriu que existia uma coisa que não lhes havia sido tirada: sua história. Em sua história eles podiam ver a ação de Deus. Se recordaram do Êxodo, da ação prodigiosa do Deus dos Exercitos que os libertou da escravidão. Da entrada na terra prometida, na queda de Jericó, na figura dos Juízes, do grande Rei Davi. Eles viram que em suas histórias, Deus sempre esteve presente. Então eles começaram a contar suas “histórias”, para “inculcar” (Cf. Dt 6,7) essa ação extraordinária no ordinário da vida. 

O que devemos fazer nesse tempo onde passamos por tantos vales de mortos? jamais esquecer que Deus acompanha a história da nossa vida. Que o hoje não se esqueça do ontem, nem perca a fé no amanhã.  

Quem conta suas histórias, liga o passado, presente e futuro. Devemos juntar em um único fio a história,  transformando o fugaz em eterno, o efêmero em divino, certos de que Deus permanece. Isso renova a esperança. Não custa dizer que a esperança é uma virtude do Espírito Santo “Ela não engana (Cf. Rm 5,5). Com certeza você já deve ter ouvido a expressão: “quem espera sempre alcança”. O que realmente esperamos? Vida nova em Cristo Jesus, “aquele que está em Cristo é uma nova criatura, passou-se  o que era velho eis que tudo se fez novo” (2Cor 5,17). Não somos mais os mesmos quando o Espírito Santo desce sobre nós, e isso cria uma realidade nova no lugar em que vivemos. Posso dizer que o lugar que vivemos também vai mudar graças a transformação que o Espírito Santo realiza em nós.

Não será essa a maior história que deveríamos contar?

Oração espontânea.

Oração final:

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém