Nazaré era uma vila de pouca importância na região. Natanael
diz com espanto “pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Cf. Jo 1,46), o que
demonstra que o lugar é marginal. Mais não foi em Alexandria ou Roma, mais sim
nesse lugar, que o anjo comunicou aquela jovem menina o plano de Deus. “A cheia
de graça” é uma jovem que se vê diante de uma grande missão: ser a mãe do
Salvador. Ela como qualquer outra jovem judia conhecia as profecias sobre a
vinda do Messias (Cf. Is 7,14; 11, 1-9; Ml 3,1; Mq 5, 1, etc), mais não
imaginava que seria a escolhida. Por isso rezamos no Magnificat, “Doravante
todas às gerações me chamarão bendita”. Eis uma grande dádiva que Maria recebeu
de Deus. E por que Ele escolheu uma jovem menina, de uma vila sem importância
alguma? Por que não uma jovem menina da nobreza? Ela mesma responde no seu
canto: “Ele olhou para a humildade de sua serva”. Essa é uma condição
importante para ser cheio do Espírito Santo.
Mais o que é humildade?
É a virtude daqueles que reconhecem sua condição, aceitam o
que são. Fazem isso não para se acusar, condenando a si mesmo, mais sim para se
submeter a vontade daquele que tudo conhece. Dessa virtude Maria é exemplo. Ela
reconheceu o seu lugar no plano da salvação, escondeu-se no silêncio da casa de
Nazaré, cumprindo com seu papel na obra da redenção. No casamento em Caná da
Galiléia, fala com o seu Filho sobre a falta de vinho. Sabia que era a única
coisa que devia fazer, por isso mesmo diz aos serventes: “façam tudo o que ele
vos disser”. Maria não só faz a vontade de Deus, mais quer que todos a façam.
Ela sabe que a alegria consiste em fazer a vontade de Deus. Depois de sua
intercessão, Jesus realiza o seu primeiro sinal. Leão XIII em sua Encíclica
sobre o Rosário diz que “por expressa vontade de Deus, nenhum bem nos é
concedido se não é por Maria; e como nada pode chegar ao Pai senão pelo Filho,
assim geralmente nada pode chegar a Jesus senão por Maria”. Em sua humildade,
Deus a exalta.
A humildade é o contrário do orgulho. Os nossos primeiros
pais ouviram o que disse o Diabo e se encheram de orgulho, quiseram ser “como
deuses”. Se eu sou um “deus”, logo não preciso de outro deus que me diga o que
eu devo fazer. Eu me basto, faço o que quero, acho que sou a pessoa mais
importante do mundo e que não preciso de ninguém. Quem cultiva a virtude da
humildade pensa o contrário, pois reconhece que só Deus basta a si mesmo, olha
e entende que somos seres incompletos que só pela ação do Espírito Santo
podemos ser preenchidos do que nos falta.
O que vejo quando olho para mim? Muitas vezes tenho tanta
consideração por mim mesmo que quero fazer uma estatua para a glória do meu
nome. Ou, me considero tão insignificante que não reconheço o meu valor. O
Espírito Santo quer agir em nós revelando a verdade sobre quem eu sou, me
fazendo enxergar o que posso e o que não posso, o que tenho e o que não tenho
na certeza de que, nada nos faltará. O orgulho nos afasta de Deus justamente
porque deixamos de confiar Nele para confiar em si mesmo. Deus nada pode fazer
em um coração orgulhoso. O Espírito Santo só vem aos humildes, porque esses
reconhecem que são criaturas e precisam de Deus. Muitas vezes o Espírito Santo,
querendo nos comunicar a virtude dos santos, nos faz viver em comunidade para
aprendermos através da convivência. Acredito que esse é outro grande desafio,
necessário, a convivência. Quem quer agradar a Deus, precisa aprender a conviver.
Viver é um dom, conviver é uma conquista.
“Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos,
revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, HUMILDADE, doçura e
paciência” (Cl 3,12)
3 comentários:
Mãe da obediência e mãe leal da fé, ensina-nos Mãezinha a seguir teu exemplo, acolher com alegria a vontade do Nosso Salvador! Magnífica!
Amém!
Maria nos ensina tudo,a humildade que vem dela, os olhos delas estavam em Deus,e hoje para nós,e está com os olhos no senhor sem desviar o nosso olhar de maria.
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