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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Deus vos Salve Maria!

 Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o verbo encarnado no teu seio.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o menino que crescia em sabedoria, estatura e graça.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o menino que se ocupava do sagrado.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o Filho que anunciava a chegada do Reino.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o Filho que curava.

Deus vos salve Maria, 

Tu que adorastes aquele que libertou homens e mulheres da escravidão do pecado.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o Mestre que tantos ensinamentos transmitiu.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes aquele que nos chamou a ser bem aventurados.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o itinerante que não se cansava de amar, pois foi para isso que  veio.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes aquele que é a luz que veio iluminar o povo que jazia nas trevas.

Deus vos salve Maria, 

Tu que adorastes o Pastor que veio dá a vida pelas ovelhas.

Deus vos salve Maria, 

Tu que adorastes aquele que sentava na mesa dos pecadores.

Deus vos salve Maria, 

Tu que adorastes aquele que em sua pobreza veio nos enriquecer. 

Deus vos salve Maria, 

Tu que adorastes aquele que foi condenado injustamente. 

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes aquele que carregou sobre si nossas enfermidades.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o teu Filho crucificado.

Deus vos salve Maria,

Tu que adorastes o ressuscitado que venceu a morte.

Deus vos salve Maria, 

Tu que adorastes aquele que enviou o Espírito Santo prometido.

Deus vos salve Maria, 

Tu que adorastes aquele a quem devo adorar. 




Robson Xavier

domingo, 30 de maio de 2021

Saudação a Santíssima Trindade

 

POESIA ELISABETE DA TRINDADE


Elevação à Santíssima Trindade (21 de novembro de 1904)


Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz nem me fazer sair de vós, ó meu Imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de vosso Mistério. Pacificai minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada preferida e o lugar de vosso repouso. Que eu jamais vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa Ação criadora. 

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor; quisera ser uma esposa para vosso Coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos… até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos revestir-me de vós mesmo, identificar a minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-vos, quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de vós. Depois, através de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em vós e ficar sob vossa grande luz; ó meu astro Amado, fascinai-me a fim de que não me seja possível sair de vossa irradiação. 

Ó Fogo devorador, Espírito de amor, “vinde a mim” para que se opere em minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para ele uma humanidade de acréscimo na qual ele renove todo o seu Mistério. E vós, ó Pai, inclinai-vos sobre vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com vossa sombra vendo nela só o Bem-Amado, no qual pusestes todas as vossas complacências. 

Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a vá qual uma presa. Sepultai-vos em mim para que eu me sepulte em vós, até que vá contemplar em vossa luz o abismo de vossas grandezas

quarta-feira, 12 de maio de 2021

O dia e a noite, o começo e o fim!

 

O tempo é recortado: dias, meses e anos. Com isso sentimos o ritmo que nos impõe os recomeços. Se você está lendo esse texto é porque começou ou terminou mais um dia. Cada dia que começa vem acompanhado de um novo respiro de vida. É um novo milagre que surge em cada manhã. Não importa se faz sol ou chuva, se é verão ou inverno, abre-se nesse instante um caminho cheio de possibilidades.

Entre o começo e o fim do dia existe um intervalo marcado pelas escolhas que fazemos. Desde as simples as mais complexas, vemos uma seta que aponta sempre para o fim. Não temos como fugir disso, tudo caminha para o fim. Alguns nessa hora podem está cantando o samba “deixa a vida me levar, vida leva eu” sem qualquer preocupação com o amanhã, apenas de olho no hoje. Porém, eu preciso avisar que apesar de tudo tender para o fim, o importante é como vamos chegar lá. Estaremos felizes com o que fizemos? que rastro teremos deixado para trás? Quem vem depois poderá seguir esses rastros?

Quem sabe algumas pessoas estejam acordando nesse momento a espera de um resultado de exame, de uma prova ou seleção. Outros estejam se preparando para o casamento ou iniciando suas tão esperadas férias. De uma forma ou de outra, como começamos o dia de hoje depende de como terminamos o dia de ontem. Como vivemos o dia de hoje, vai ser importante para dizer como vamos viver o dia de amanhã.

            Nesse sentido, dias, meses e anos não são apenas uma fita métrica para indicar que o tempo está passando. Eles são indicadores de como estamos vivendo. O salmista reza expressando o seu desejo de aprender “a contar os dias” (Cf. Sl 90,12). Ele quer a sabedoria de quem aprendeu a viver. A vida passa e quando nos damos conta, já estamos contando histórias de um tempo que passou. Nos transformamos em uma baú das memorias que guardamos. Assim, vão surgindo lições que nos ajudam a cruzar o tempo no ritmo do kairós.

            Na mitologia grega Chronos era o deus do tempo. Ele acompanha a vida. O calendário e o relógio dão as nossas vidas um ritmo cronológico. Kairós também pertence a essa antiga mitologia. Ele é descrito como um jovem. Kairós é o tempo que não pertence a Chronos. É o tempo sentido e não medido.

            Voltando a oração do salmista, podemos dizer que aquilo que ele deseja é sentir o tempo que passa. Por isso, o mais importante não é quanto tempo vivemos, se 20, 40, 60 ou 100 anos, e sim como chegamos. A força da nossa vida vai ser  medida pelo sentido que torna eterno o tempo. Contamos histórias, celebramos memórias, para transformar o fim em recomeços.

            O jovem Filho de Maria viveu pouco, muito pouco, mas ainda hoje se fala dele. Não são poucos que vivem n’Ele e por Ele. Contasse sua história em todos os cantos, seguem seu caminho, testemunham sua força. A forma como ele viveu cruzou o tempo, deu novo sentido ao viver de muitos. Ele vive!

Sua vida vai ser medida pela forma como você vive. Por isso, disse no começo, que cada dia se abre como uma nova possibilidade de fazer e refazer, começar e recomeçar. O dia se fecha como uma chance de recordar como se chegou até aqui. Nessa momento devemos avaliar. E com isso sentir o dia. Noite e dia, e tudo então começa de novo. Como você está hoje?

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Via Sacra

 

I ESTAÇÃO: Jesus é condenado a morte (Cf. Mt 27,22-26).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Fostes condenado de forma injusta. Pelo preço de um escravo o entregaram  nas mãos dos brutais soldados e em troca de um bandido ouvistes a sentença que o levou a morte. Aqueles que gritavam “crucifica-o”, fizeram Pilatos assinar a dolorosa condenação.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de todos que são sentenciados a uma vida sem dignidade.

Tende piedade de todos que são entregues nas mãos dos violentos.

Tende piedade de todos os que são violentos. Fazei que eles se convertam e acolham a bem aventurança da paz.

Tende piedade  de todos que assinam a própria condenação por não perdoar.

Tende piedade dos que gritam querendo a morte dos seus irmãos.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

II ESTAÇÃO: Jesus carrega a pesada cruz (Cf. Mt 27,27-31).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Quando leio os Evangelhos imagino como foi carregar a pesada cruz. Não posso me esquecer que dissestes que eu devo carregar também a minha cruz. No meio de uma multidão enfurecida, caminhas levando consigo o peso dos nossos pecados. Cada passo na direção do Calvário, abriu o caminho da salvação de todo o gênero humano.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de todos que estão cansados e fadigados por causa do peso da cruz. Renova suas forças, não os deixa desistir.

Tende piedade de todos que carregam a cruz do fracasso, da decepção, medo e desespero.

Tende piedade de todos os que carregam a cruz dos que não conseguem mais carregar sua própria cruz.

Tende piedade de todos que são abandonados, marginalizados e oprimidos.

Tende piedade de todos os que carregam a cruz através do serviço que prestam aos abandonados, marginalizados e oprimidos.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

III ESTAÇÃO: Jesus cai pela primeira vez (Cf Is 53,4-6).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, quando o vejo no chão caído, recordo as muitas vezes em que cai. No chão, meus olhos veem os seus, e sua amável companhia renova minhas forças. Se deixa abater por mim, se abaixas por nós porque queres levantar-nos.

O que te fez cair foram os meus pecados, sobre teus ombros foi colocado nossa ingratidão. E eu aqui caído, cruzo meus olhos com os teus e não posso deixar de orar pelos muitos caídos, que não tem mais força para levantar. Ajudai-nos Senhor!

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim que sou pecador, que o ofendo por pensamentos, palavras, atos e omissões.

Tende piedade de nós que pecamos, ingratos, negamos, recusamos e abandonamos teu amor para seguir nossos amores terrenos, efêmeros e egoístas.

Tende piedade dos caídos por causa de suas más escolhas.

Tende piedade dos caídos por causa das más escolhas dos outros.

Tende piedade de nós Senhor, levanta-nos, queremos segui-lo.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

IV ESTAÇÃO: Jesus encontra sua mãe (Cf. Lc 2,34-35.51).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, que mãe gostaria de ver o filho sofrendo, sendo maltratado e humilhado? Tua mãe teve que passar por isso! Foi olhando para ela do alto da Cruz que dissestes, “Mãe, eis aí o teu filho”. Como me colocastes nas mãos de tua singela mãe, posso nesse momento de dor me dirigir em prece a ela que tantas vezes tem sido invocada como Mãe das Dores.

Oh, Maria, Mãe das Dores, sou eu teu filho, que roga tua intercessão. Muitas vezes tenho me afastado do caminho aberto pelo teu Filho, nosso Senhor e Salvador. E vejo que não somente eu, mas muitos tem se desviado do caminho da salvação. Trazei-nos de volta, fazei-nos permanecer junto do teu Filho e segui-lo como tu mesmo fizestes!

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade e, pela intercessão de Maria, Mãe das Dores, trazei aqueles que se desviaram do caminho da Salvação.

Tende piedade e, pela intercessão de Maria, Mãe das Dores, atraí todos pela força do amor para que permaneçam no teu seguimento assim como fizestes tua Mãe.

Tende piedade e, pela intercessão de Maria, Mãe das Dores, sede solícito com todos os que apresentam suas dores confiando na tua compaixão.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

V ESTAÇÃO: Simão Cirineu ajuda Jesus (Cf. Mt 16,24; 27,32).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, era tão grande o teu cansaço que foi preciso chamar um estranho, um desconhecido para ajudá-lo nessa penosa caminhada. Não posso deixar de rezar nesse momento com teu convite amoroso: “vinde a Mim vós todos que estais cansados e fatigados e eu vós dareis descanso”. Que eu encontre sempre em vós o descanso para o meu cansaço, que eu encontre o repouso para a minha lassidão!

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim por não buscar descanso para o meu cansaço.

Tende piedade de mim, e cuida do meu esgotamento, da minha fadiga e exaustão por causa do trabalho.

Tende piedade de mim por não ser outro “Cirineu” me negando a auxiliar quem está cansado.

Tende piedade de mim por não aliviar o peso dos que caminham tombando por causa do peso de suas lutas e tarefas diárias.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

VI ESTAÇÃO: Verônica limpa o rosto de Jesus (Cf. Is 53,2-3).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, ao longo da via dolorosa, muitas vezes  não conseguistes ver o resto do caminho por causa do suor e sangue que caiam no seu rosto. Quisera eu ter a coragem de Verônica! Ela conseguiu vencer a fúria dos soldados e através desse simples gesto nos deixa uma lição aprendida com o Divino Mestre a quem serve por um breve instante. Que eu aprenda a servir, que eu aprenda a amar olhando para o Senhor que nos ensina que amar é servir, que servir é amar!

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim que me fecho ao próximo, que sigo meu caminho de forma egoísta.

Tende piedade de nós que seguimos indiferentes ao sofrimento do outro por causa do individualismo que nos cega.

Tende piedade de nós que ainda não aprendemos as muitas lições do serviço que nos deixastes através de palavras e obras.

Tende piedade por continuarmos seguindo o caminho sem colocar em prática o novo mandamento que nos deixastes.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

VII ESTAÇÃO: Jesus cai pela segunda vez (Cf. Lm 3,1-2.9.16).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, contemplando essa cena, não posso deixar de dizer que já cai muitas vezes. O que seria de mim se não fosse o teu perdão? Perdoa-me Senhor, que sua face não se afaste da minha, que eu não deixe de correr em vossa direção sempre que pecar. Quero vós oferecer meu coração contrito e humilhado desejoso  de ser recebido novamente em vossa casa.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim porque sou pecador, ofendo a vós sempre que deixo de segui-lo.

Tende piedade de mim por colocar em dúvida seu perdão, me escondendo de vós como fizestes nossos primeiros pais.

Tende piedade de mim por não oferecer o sacrifício do coração arrependido.

Tende piedade de nós por favorecermos a queda dos nossos irmãos agindo mal.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

VIII ESTAÇÃO: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém (Cf. Mt 23,28-31).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, muitos sentem o sofrimento dos outros, choram impotentes. Essas mulheres que vão ao teu encontro nada podem fazer além de se lamentar. Elas representam todos aqueles que sentem hoje teu sofrimento ao carregar sua cruz a cada dia.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade dos que tem fome, sede e frio.

Tende piedade daqueles que não tem onde morar.

Tende piedade dos imigrantes e encarcerados.

Tende piedade dos doente e enlutados.

Tende piedade de todos os que sofrem.

Tende piedade de todos os que estão ao lado dos que sofrem.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

IX: Jesus cai pela terceira vez (Lm 3,27-32).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, diante dessa cena agradeço pelo mistério do teu amor que não se cansa de me buscar. Com o profeta Isaias rezo com confiança sabendo que carregastes sobre si os nossos pecados (Cf. Is 53).

Três vezes caístes e levantastes,

três vezes chamastes meu nome.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim por negar a ti como Pedro fizeste.

Tende piedade de nós quando faltar esperança.

Tende piedade de nós quando faltar fé.

Tende piedade de nós quando faltar amor.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

X ESTAÇÃO: Jesus é despojado de suas vestes (Cf. Mt 27,33-36).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, fostes deixado nu para sofrer ainda mais a humilhação. Hoje, querem arrancar as vestes da nossa dignidade.

Temos direito a pão, mas querem nos dar somente o que sobra.

Temos direito a educação, mas querem dar somente informação.

Temos direito a saúde, mas querem nos dar somente ajuda.

Temos direitos e querem nos fazer crer que merecemos apenas favores.

Somos filhos, herdeiros, co-herdeiros do Reino e querem nos fazer crer que não somos merecedores dessa condição.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade dos humilhados.

Tende piedade dos exaltados,

Tende piedade dos que estão nus.

Tende piedade dos que vestem os nus.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

XI ESTAÇÃO: Jesus é pregado na cruz (Mt 27,37-42).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, nessa hora que o vejo pregado na cruz, rezo com cada palavra que dissestes nesse lugar de agonia:

“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Que não me falte forças para dar e receber o perdão.

“Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). Ajudai-me a segui-lo pelo caminho. Quero permanecer contigo.

“Mulher, eis o teu filho; filho, eis a tua mãe” (Jo 19,26). Me deixastes sob os cuidados de vossa amável Mãe. A vossa proteção recorro Santa Mãe de Deus, não desprezeis meus rogos.

“Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mt 27,46). Quero rezar com o salmista renovando a esperança a cada dia.

“Tenho sede...” (Jo 19,28). Meu Senhor, que eu sacie tua sede salvando almas!

“Tudo está consumado” (Jo 19,30). Sou grato por teu sacrifício. Que dessa gratidão possa nascer sempre o compromisso com o Reino de amor, paz e justiça.

“Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 23,46).  Que em vós eu sempre encontre sentido para viver.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

XII ESTAÇÃO: Jesus morre na cruz (Cf. Mt 27,45-50.54).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, nessa hora o véu se rasgou, o silêncio pode ser ouvido em todo lugar. “Eis o lenho da cruz, cantamos, da qual pendeu a salvação do mundo”.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de nós pecadores, salvai-nos.

Tende piedade de nós pecadores, salvai-nos.

Tende piedade de nós pecadores, salvai-nos.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

XIII ESTAÇÃO: Jesus é descido da cruz (Cf. Mt 27,54-55).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, aos pés da cruz se encontrava sua mãe. Rezo com a dor do pranto da Mãe das Dores que lava as feridas do crucificado. Nesse momento, ela sentiu a dor da profecia de Simeão, “uma espada te transpassará”  (Cf. Lc 2, 25 – 35).

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de todos os que são transpassados pela dor.

Tende piedade de todos os que cuidam da dor dos transpassados.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

XIV ESTAÇÃO: Jesus é sepultado (Cf. Mt 27,59-61).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, muitos o abandonaram ao longo dessa dolorosa caminhada. Tinham medo, pavor, acreditavam que podiam ter o mesmo fim. O silêncio tomou conta e parecia que a esperança havia sido sepultada. Que alegria, pois sabemos que a morte não pode segurar-te, fostes vitorioso!

Meu Senhor e meu Deus, obrigado porque permaneces conosco.

Meu Senhor e meu Deus, obrigado porque não deixastes findar nossa esperança.

Meu Senhor e meu Deus, obrigado porque só tu tens palavra de vida eterna!

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

 

 

 

 

 

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Espiritualidade eucarística

 

O ato de comer cria uma espiritualidade, ou seja, um jeito de ser, uma forma de viver.

Aprendemos a ser gratos por aqueles que compartilham a vida conosco, que “vivem debaixo do mesmo teto” que estão ligados por vínculos de parentesco, humano e espiritual.

Aprendemos a reconhecer que através dessa refeição somos acolhidos, amparados, sustentados e nutridos de tantas formas, todos os dias.

Aprendemos a valorizar os que trabalham para que o alimento chegue a nossa mesa. Só assim somos capazes de enfrentar os desafios cotidianos.

Aprendemos a ser generosos porque esse alimento é partido e repartido para favorecer o bem daqueles que sentam a mesa conosco.

Aprendemos que o egoísmo deve ser vencido, porque a verdadeira alegria vem daqueles que abrem as mãos na direção dos seus irmãos.

Aprendemos a reconhecer a força da oração do Pai-Nosso, “o Pão Nosso de cada dia nos dai hoje”. Nunca sentamos a mesa sozinho, nem fazemos uma refeição sem estarmos cercados.

Aprendemos a nos unir aos que tem e aos que não tem. A não querer muito e nem tão pouco.  

Aprendemos a perdoar. As vezes sento a mesa e ofendo, machuco, firo. Seja por palavras ou por obras torno esse momento sem sabor. É o perdão que devolve o gosto a refeição. 

Aprendemos a ser alegres porque comer junto gera contentamento, e não são poucas as vezes que o riso corre solto.

Aprendemos a ter fé, crer no possível e esperar pelo Deus do impossível.

Aprendemos a recordar, lembrar, reviver. Trazemos os que não estão perto, que permanecem vivos em nossa memória.

Aprendemos que a mesa é lugar para acordos, pactos, alianças entre os que querem fazer o bem, mas também entre os que querem fazer o mal. E essa é uma escolha que devemos fazer.

Aprendemos a amar a Deus e ao próximo, e a tornar esse momento em torno da mesa, eterno.

Por essas razões, Jesus escolheu a mesa para nos deixar o seu memorial. Foi sentado com seus discípulos que Ele nos deixou o seu testamento espiritual. Suas palavras e seus gestos trouxeram lições que se eternizaram no Banquete da Eucaristia, testemunho perene da presença de Deus no meio de nós.

A fé eucarística é a certeza da transformação do que é naquele que a de vim. O meio pelo qual Deus renova todos os dias a esperança de dias melhores. Por isso mesmo, rezamos em cada Eucaristia, “Maranatá, vem Senhor Jesus”. 

Vem Senhor Jesus, nos ajudar a

Partir,

Repartir,

Unir,

Dividir,

Perdoar,

Agradecer,

Acreditar,

Amar.


 

quinta-feira, 4 de março de 2021

Canções de João da Cruz - 1ª estrofe.

 

Onde é que tu, Amado,

Te escondeste deixando-me em gemido?

Fugiste-me como o veado,

Havendo-me ferido;

Clamando eu fui por ti, tinhas partido!

 

Essa expressão “amado” é facilmente encontrada no Cântico dos Cânticos, livro que inspira São João da Cruz na composição do seu Cântico Espiritual. Esse desconcerto por não saber para  onde foi o Amado é sentido pela amada nessa obra sapiencial: “Abri ao meu bem-amado, mas ela já se tinha ido, já tinha desaparecido”.

Essa dor de não ter o Amado, de tê-lo perdido cresce por causa do amor esponsal. Se não fosse por  amor sofreria a amada a ausência do amado¿ Podemos dizer lendo essa primeira parte do poema que existe uma ferida de amor aberta. A amada foi tocada pelo Amado de uma forma que sua ausência passa a ser sentida. A partir daí começa uma busca para encontra-lo.

O poema fala do amor esponsal de Deus. Em seu infinito amor, Deus vem ao nosso encontro, estabelece um matrimônio espiritual. Somos seduzidos por seus encantos que criam em nós um desejo cada vez maior de estar com Ele. Não queremos mais nos apartar dele, sua companhia cria uma alegria contagiante. Mas, porque então o amado se esconde?

            Alguém poderia ser levado a crer que, se o Amado foi embora é porque nos tornamos indignos, que perdemos o merecimento de sua companhia amorosa. E esse  é  um grande engano! O amor de Deus por nós é eterno, sua aliança não se desfaz. Se ele se esconde, devemos procura-lo.

            Sua falta deve criar em nós uma disposição para ir ao seu encontro. Onde podemos encontrar novamente o Amado¿ Dentro de nós! Essa busca não deve nos levar para longe. Ele está perto. Essa é uma busca que deve começar no lugar secreto do nosso interior. Santo Agostinho de forma poética revela que procurou a Deus fora, enquanto ele estava dentro: Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais, eu te amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora, fora te buscava”.  

            Essa busca faz crescer uma necessidade permanente de correr na direção de quem nos conquistou. Isso exige descobrir o caminho que nos leva ao encontro com o Amado. Podemos dizer que existem “caminhos”, como nos conta Santo Hilário: há caminhos na Lei, caminhos nos profetas, caminhos nos evangelhos e nos apóstolos, caminhos nas diversas obras dos mestres. Felizes os que andam por eles, movidos pelo temor do Senhor”. Esses “caminhos” nos levam ao mesmo lugar onde me enamoro daquele que me deixa louco de amor.

            “Clamando eu fui por ti”. Clamar, gritar, bradar... todos esses verbos são sinônimos e expressam a mesma coisa no poema: não posso viver longe do Amado!  Por isso devemos guardar um “tempo privilegiado” para a oração, que é esse diálogo de amor que cresce, à medida que ficamos a “sós”. Jesus chama cada um de nós “a entrar no quarto, fechar a porta e orar ao Pai em segredo” (Cf. Mt 6,6). Jesus privilegiava os momentos a sós para orar como os evangelistas testemunham: "Mas ele costumava retirar-se a lugares solitá­rios para orar" (Lc 5,16); "Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus" (6,12); "Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar" (11,1). Assim diz o Catecismo, “Não é, porventura, ao contemplar primeiro o seu Mestre em oração, que o discípulo de Cristo sente o desejo de orar? Pode então aprendê-la com o mestre da oração. É contemplando e escutando o Filho que os filhos aprendem a orar ao Pai”. (CIC 2601).    

            “Do fundo do abismo, clamo a vós Senhor” (Sl 130,1). Clamo por amo, amo porque fui amado!

 

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Uma prisão sem grades

 

O que José, Jeremias e João da Cruz tem em comum?

José foi o profeta dos sonhos. Atraiu o ódio dos seus irmãos de tal forma que eles tentaram se livrar dele. O venderam como escravo. Logo depois, foi parar na prisão por causa de uma trama que quase o leva a morte. O que o levou a essa situação foi também o que o salvou. Os seus sonhos lhe trouxeram dor, mas também muita alegria.

José se transformou no José do Egito e por uma conspiração divina se viu diante daqueles que o haviam feito passar por todo esse drama. Os seus algozes  provaram a força do perdão que é capaz de transformar ódio em amor.

Jeremias que viveu muito tempo depois, foi chamado ainda na sua juventude a profetizar. Deus toca em sua boca. Ele é seduzido e por isso, não deixa de levar Palavra apesar de toda a inimizade que se criou. O profeta se sente uma criança, mas mesmo assim, se coloca de prontidão. Ele aprendeu a lidar com as dificuldades para exercer sua vocação, e é a voz de Deus que ecoa nos dias mais difíceis dizendo: “não tenhas medo, eu estou contigo”.

A tarefa do profeta não era fácil, assim sendo, ele encontrou muitos opositores que se colocaram no seu caminho. Acusado de traidor foi preso e ali amargou o desprezo. Jeremias poderia facilmente ser reconhecido como profeta da desgraça. Sua voz devia ser calada, por isso quiseram mata-lo para emudecer aquele que  gritava nas ruas, praças e palácios, sem medo do que pudesse acontecer com ele. Ele pagou o preço por causa do amor que o seduziu (Cf. Jr 20,7).

João da Cruz, desde cedo, quis seguir Jesus pelo caminho do recolhimento. Convencido por Teresa foi ser carmelita. Já havia sofrido grandes dificuldades ao longo de sua vida. Essas dificuldades não se tornaram menores quando ele entrou para o Carmelo. Seguindo o caminho de sua mestra, quis reformar o Carmelo o que não foi aceito pelos seus irmãos. Sequestrado, foi lançado em uma prisão onde teve que enfrentar muitos tormentos. Deus o visitou fazendo o santo declarar o seu amor pelo Amado em forma de poesia. Foi na prisão, que João da Cruz compôs boa parte dos  poemas do seu  Cântico Espiritual.

Creio, que podemos dizer, que a prisão une José, Jeremias e João da Cruz. O lugar que os aprisionou parecia não ter grades de tal modo que puderam percorrer o mistério do Deus escondido. Esse mesmo Deus, não mais desconhecido, desceu para gritar na solidão do cárcere seu amor sem medida. Quis ser companhia fazendo-os crer que a prisão que causa medo é a da alma.

Podemos imaginar que no meio da solidão pavorosa do cárcere possam emergir tão doces gemidos do amor entre o Criador e sua criatura? Que no meio da escuridão a  luz fulgurante do amor insondável possa refulgir com tanto esplendor na alma humana? É isso que vemos transparecer com tanta limpidez nesses três personagens que transformaram esse espaço de sombras e penúrias em um lugar reconfortante graças a presença do Amado. Isso bastou a eles.

Os três sabiam que haviam sido vítimas de tramas desprezíveis. Isso demonstrava que existia uma prisão que acorrentava seus opositores. O ódio fez com que pesadas correntes se arrastassem na direção deles. Suas angústias encontraram alívio nos braços de quem os achou sozinhos. Antes, jamais podiam imaginar, que a injustiça pudesse lhes trazer o gozo da alma enamorada.