Deus
em seu infinito amor nos salvou na cruz, na imolação do cordeiro sem mancha. Uma
vida em troca de muitas, um resgate para favorecer todos os que estavam presos
nos laços do pecado. Um laço foi rompido e outro foi dado. Estamos ligados ao nó
da misericórdia que excede toda compreensão humana. Por isso que São Paulo responde
a pergunta que ele mesmo fez dizendo a
comunidade que nada pode nos separar do amor de Cristo “tenho certeza
de que nem a morte, nem a vida, nem os principados, nem o presente, nem o
futuro, nem as potências, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura
qualquer seja capaz de nos separar do amor de Deus, que está no Cristo Jesus
Nosso Senhor” (Cf. Rm 8,38).
O
coração aberto pela lança do soldado fez jorrar o remédio para curar as feridas
da humanidade. Ferida de dor e amor, ferida que não cicatriza. Peito que continua
aberto, sangue que continua escorrendo, salvação que mana como um torrente sem
fim para curar a humanidade.
Do
peito transpassado de Jesus nasceram muitas devoções que perpetuam essa bela
cena. Deus quer nos recordar continuamente o seu amor, por isso, inspirou para
os nosso tempos formas de piedade popular que fazem ecoar esse mistério.
No
1º domingo de Páscoa celebramos a festa da Divina Misericórdia. São João Paulo
II em sua Exortação Dives in Misericordia diz que a misericórdia é um
dos principais temas da pregação de Jesus: “como de costume, também neste ponto ensina antes de mais «em
parábolas», porque exprimem melhor a própria essência das coisas. Basta
recordar a parábola do filho pródigo, ou a parábola do bom samaritano, ou
ainda, por contraste, a do servo sem compaixão. Numerosas são ainda as
passagens do ensinamento de Cristo que manifestam o amor e misericórdia sob um
aspecto sempre novo. Basta ter diante dos olhos o bom pastor que vai à busca da
ovelha tresmalhada, ou a mulher que varre a casa à procura da dracma perdida. O
Evangelista que trata de modo particular estes temas do ensino de Cristo é S.
Lucas, cujo Evangelho mereceu ser chamado ‘o Evangelho da misericórdia’”.
Foi São João Paulo II, o papa que canonizou
Santa Faustina, e instituiu essa Festa na Igreja. Na canonização da apóstola da
misericórdia, o então Papa disse: “Em todo o mundo, o segundo domingo de
Páscoa receberá o nome de Domingo da Divina Misericórdia. Um convite para o
mundo enfrentar, com confiança na benevolência divina, as dificuldades e as
provas que esperam o gênero humano nos anos que virão”.
Dessa devoção aprendemos a rezar: “oh sangue e
água que jorrastes do coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu
confio em vós”. Hoje milhares de pessoas espalhados pelo mundo rezam o terço da
misericórdia.
Jesus apareceu numerosas vezes a Santa Margarida Maria Alacoque
entre 1673 e 1675 para falar sobre a devoção ao Seu Sagrado Coração. A Igreja
instituiu a solenidade do Sagrado Coração de Jesus que é celebrada na igreja na
sexta feira seguinte ao segundo domingo depois de Pentecostes.
O Papa Pio XII Haurietis Aquas, quis comunicar ao povo de Deus a importância do culto ao
Sagrado Coração de Jesus. Disse ele: “Quando o divino Redentor pendia da
cruz, sentiu o seu coração arder dos mais vários e veementes afetos, isto é, de
afetos de amor ardente, de consternação, de misericórdia, de desejo inflamado,
de paz serena; afetos claramente manifestados naquelas palavras: ‘Pai,
perdoa-lhes; porque eles não sabem o que fazem’ (Lc 23, 34); ‘Deus meu, Deus meu, por que me
abandonaste?’ (Mt 27, 46); ‘Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso’ (Lc 23, 43); ‘Tenho sede’ (Jo 19, 28); ‘Pai, nas tuas mãos entrego meu
espírito’ (Lc 23, 46)”.
Outra festa que nasce da
mesma fonte é a do Preciosíssimo Sangue de Jesus. O Papa São João XXIII diz que
toda a sua casa tinha esse culto e orava a ladainha do Preciosíssimo Sangue
todo mês de julho. Esse culto se propaga
graças a São Gaspar del Búfalo, apóstolo dessa devoção que fundou uma
Congregação que tem no Preciosíssimo Sangue de Cristo seu carisma. .
Na Exortação Inde a
Primis sobre o culto ao Preciosíssimo Sangue de Cristo, o Papa se dirige ao
povo cristão assim: “Oh! se os cristãos refletissem mais frequentemente no
paternal aviso do nosso primeiro papa: ‘Portai-vos com temor durante o tempo do
vosso exílio. Pois sabeis que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata
ou ouro que fostes resgatados..., mas pelo sangue precioso de Cristo, como de
um cordeiro sem defeito e sem mácula’ (1
Pd 1,1719); se eles dessem mais solícito ouvido à
exortação do apóstolo das gentes: ‘Alguém pagou alto preço pelo vosso resgate;
glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo’ (l
Cor 6,20). Quanto mais dignos, mais edificantes seriam os
seus costumes, quanto mais salutar para a humanidade inteira seria a presença,
no mundo, da Igreja de Cristo! E, se todos os homens secundassem os convites da
graça de Deus, que os quer todos salvos (cf. 1 Tm 2,4), porque ele quis que todos fossem
remidos pelo Sangue de seu Unigênito, e chama todos a serem membros de um só
corpo místico, do qual Cristo é a Cabeça, então quanto mais fraternas se
tornariam as relações entre os indivíduos, os povos, as nações, e quanto mais
pacífica, quanto mais digna de Deus e da natureza humana, criada a imagem e
semelhança do Altíssimo (cf. Gn 1,26), se
tornaria a convivência social”.
Desse modo, aprendemos que temos uma fonte inesgotável
que jorra vida para todos que dela se aproximam.
Santa Faustina, rogai por nós!
Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós!
São Gaspar del Búfalo, rogai por nós!
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