O começo da narrativa
bíblica começa com um drama: o pecado. Os nossos primeiros pais são enganados,
o Diabo engane, ilude, MENTI fazendo-os acreditar no que não é verdade. Quando
descobrem que foram tapeados querem encontrar um culpado. Tarde demais! A grande
alegria é descobrirmos que Deus não abandona “a obra prima” de suas mãos a
própria sorte.
O Diabo fez os nossos
primeiros pais acreditarem que podiam ser como deuses. Não é essa a mentira que
queremos transformar em verdade? A mais perigosa mentira incha o ser humano de
orgulho, que passa a acreditar que é maior, melhor. É essa mentira que fez os
homens ao longo do tempo subjugar suas mulheres, transformar seu semelhante em
escravo, tomar, usurpar, usar a força para conseguir realizar seus intentos. O grande rei Davi foi movido por essa mentira
quando achou que podia tomar a esposa do seu general, tendo-o que mata-lo para
ficar com ela e esconder o pecado que havia cometido (Cf. II Samuel 11) Foi
isso que fez com que a rainha Jezabel pagasse homens inescrupulosos para mentir
diante dos anciãos para tomar a vinha de Nabot (Cf. 1 Reis 21).
O tempo passou e
continuamos a vê na nossa não tão antiga história povos subjugando outros atrás de uma
falsa ideia de “missão civilizatória” ou por crenças que serviram de base para
extermínios dos fracos, dos inferiores.
O mesmo podemos dizer da morte de mulheres, “mais fracas”, vítimas, em
sua grande maioria, dos seus maridos.
Jesus quis curar o ser
humano dessa mentira. A mãe dos filhos de Zebedeu queria que seus filhos
“reinassem”, portanto, subjugassem a outros graças ao poder que receberiam do
“rei Jesus”. O Divino Mestre viu que os demais apóstolos tinham ficado furiosos
com esse pedido e aproveitou a ocasião para ensinar a formula do remédio para
nos curar dessa mentira: “todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se
faça vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, faça o último”
(Cf. Mt 20,26-27).
Quem mente sempre quer
tirar proveito. No livro de Daniel, dois anciãos ameaçam a jovem Suzana com uma
mentira para satisfazer seus apetites sexuais. O profeta Daniel, descobre a mentira e faz os
anciãos serem condenados contando ao tribunal a verdade (Daniel 13,1ss). Em uma
novela da Escritura, vemos Dalila e Sansão tendo o seu amor envenenado por
mentiras. O fim deles foi trágico (Jz 16). Não podemos esquecer a mentira que
Rebeca e Jacó contaram para Issac para roubar o direito de primogenitura que
pertencia a Esaú. O pequeno José viu a força que o perdão tem para transformar
o mal em um bem. Por isso, José foi capaz de perdoar seus irmãos que o venderam
como escravo, mentindo para o seu velho pai Jacó que chorou por anos pensando
que seu filho estivesse morto.
O proveito que se tira da
mentira causa sempre um prejuízo. Por exemplo, quando se faz um juramento falso
“se invoca Deus como testemunha de uma mentira” (CIC 2151). Dessa forma, se
passa a questionar os que invocam a Deus, é até mesmo o próprio Deus. O que
atesta a força de um testemunho cristão não é a verdade? O próprio Senhor disse, “eu
sou a verdade ” (Jo 14,6). Por isso, a verdade é uma pessoa, é Cristo Jesus,
Senhor e Salvador, daí quando nosso testemunho é verdadeiro demonstramos a
estreita relação entre palavra humana e palavra divina.
Para não falsificar a verdade devemos ter
humildade. Aprendi cedo que a humildade é a verdade. Por isso mesmo devemos
encontrar a verdade sobre Deus, nós mesmos e o nosso próximo.
Quando me pergunto sobre a verdade a respeito
do ser humano me vem à
cabeça o que o salmista diz: “Que é o homem – digo-me então –, para pensardes nele? Que são
os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles? Entretanto, vós o fizestes
quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes. Destes-lhe poder sobre as
obras de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo. Rebanhos e gados, e
até os animais bravios, pássaros do céu e peixes do mar, tudo o que se move nas
águas do oceano” (Sl 8).
Quando me pergunto sobre a
verdade a respeito do meu próximo me vem a cabeça a Parábola do Bom Samaritano
(Lc 10,25-32). A pergunta que se faz ao Divino Mestre é essa, “quem é o meu
próximo?”. A parábola não só diz quem é o próximo mais
ilustra como devemos agir com o nosso próximo.
É qual a verdade sobre Deus? São João nos
diz de forma bem simples: “Deus é amor” (1 Jo 4,8). Essa é a grande verdade que
cura toda mentira.
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