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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

O início da RCC na Arquidiocese de Fortaleza


No período em que a Renovação Carismática chega a Fortaleza, a cidade está vivendo sob o “ciclo dos coronéis”. A ditadura militar conhece o seu apogeu através do ilusório milagre econômico brasileiro. Os governadores estaduais são indicados pelo Presidente da República. Através de atos institucionais decretados pelo poder executivo, muitas pessoas foram presas, inclusive aqui em Fortaleza: jornalistas, médicos operários, professores, estudantes, religiosos, oposicionistas permaneciam no 23o BC até segunda ordem.
A nível nacional, a RCC se desenvolve e parece não se importar com o cenário político-social do Brasil. Não consta, pelo que pesquisei nenhuma manifestação que se refira a problemática brasileira seja através de carta circular, boletim, jornais, etc. Paralela a toda tentativa de democratização, a Renovação cresce “por fora”, com uma preocupação estritamente eclesial, pois o movimento carecia de legitimação por parte dos poderes eclesiásticos, que olhavam com certo desdém para as atividades realizadas nos grupos de oração. Essa atitude parece se reproduzir também em Fortaleza. 
Na década de 70 chega da África ao Brasil, um missionário chamado Pe. Philippe Prevost[1], que começou a realizar experiências de oração na cidade, com grande atuação no movimento dos cursilhos, preparando o terreno para a chegada da RCC em Fortaleza, tanto que muitos dos que fizeram a primeira experiência do ‘batismo no Espírito Santo’ eram cursilhistas. Essa relação entre esses dois movimentos se evidenciou em vários lugares onde a Renovação se desenvolveu.
A Renovação chega a Fortaleza em 1975. Em um final de semana estavam reunidos alguns religiosos e religiosas e pessoas que participavam dos cursilhos de Cristandade, de 23 a 25 de Junho, onde o Pe. Eduardo Dougherty pregou o primeiro Seminário de Vida no Espírito Santo. Foram três noites de palestras no Cenáculo. Estavam entre eles Horácio Dídimo, Eduardo Bezerra Neto, Irmã Ribeiro e Vânia Torres.
Em Julho de 1975, Horácio Dídimo e sua esposa, participam de uma noite de oração carismática na casa de retiro São Francisco, em Salvador, Bahia, com a presença da Irmã Sara e Frei José, que os entregam posteriormente, algumas instruções para a realização dos Seminários de Vida no Espírito Santo. Ao chegar a Fortaleza, eles entregam o material ao Pe. Philippe.
Em Agosto de 1975, tem início o primeiro Seminário de Vida coordenado pelo Pe. Philippe, no Colégio Santa Cecília. Era um seminário de sete semanas, que reduzia-se ao Querigma, momentos de silêncio interior e partilha dos dons, mesmo que o seu uso não fosse tão difundido.
O primeiro tema abordado, segundo a organização do próprio Pe. Philippe e registrados nos seus cadernos de anotação pessoal, era o amor de Deus, continuando com o tema da salvação realizada por Cristo Jesus, a vida nova que o Senhor quer nos comunicar, uma oração de cura interior, a imposição das mãos pedindo a efusão do Espírito Santo, o crescimento que se espera de cada pessoa e a transformação em Cristo que acontece a cada dia através de uma renovação permanente. Os que participavam do Seminário eram orientados a seguir durante a semana um manual para os participantes dos Seminários de Vida no Espírito Santo publicado pelas edições Loyola.
Ainda em outubro de 1975, vai se realizar vários outros Seminários, coordenados pelo Pe. Philippe, Irmã Ribeiro e Irmão Henrique.
O Pe. Philippe ainda organizava experiências de oração no Espírito Santo em três etapas: a 1o experiência consistia na “Vida no Espírito Santo”, a experiência seguinte “A figura de Cristo contemplada no Espírito Santo” e por último a “Espiritualidade de evangelização”. Após essas experiências de oração no Espírito Santo ele aconselhava que as pessoas procurassem freqüentar algum grupo de oração na cidade. Em 1979, já era 40 o número de grupos de oração que se encontravam semanalmente.
Nos conta Emmir Nogueira[2] que quase ao mesmo tempo em que o Pe. Eduardo pregava, tinha chegado Zilah Maciel ao Pirambu, hoje Cristo Redentor, para ficar alguns meses.  Pe. Caetano, quando chega da Bélgica, encontra-se com Zilah Maciel, leiga paulistana, que já formava um grupo de carismáticos nessa região.
Não pude falar com Pe. Caetano, devido a sua idade avançada e problemas de saúde, mas o Pe. Batista[3] conta, que já depois de ter conhecido a RCC, foi convidado a participar de um retiro para sacerdotes ligados a Renovação em Salvador, mas como não podia, perguntou ao Pe. Caetano, em um encontro do clero, “você conhece a RCC? Respondeu o Pe. Caetano: não ouvi falar. Pois vai a um retiro no meu lugar, que lá você vai aprender. Pe. Caetano aceitou e quando voltou começou a desenvolver a grande obra do Espírito no Pirambu, que continua até hoje”. 
No norte de Fortaleza, encontramos esse grande incentivador da RCC: Pe. Batista Poinelli, que junto com Pe. Philippe pregou vários Seminários de Vida em Fortaleza.
Conversando com Pe. Batista, ele me disse que em 1975, quando decorava a Igreja para o natal, levou uma queda da escada e fraturou o colo do fêmur, tendo que ser hospitalizado. No ano seguinte, ainda se recuperando e andando de muletas, foi convidado para participar de um encontro no Cenáculo. Ele aceitou o convite, “era um jovem Pe. Americano, chamado Eduardo, que começou a falar da Renovação Carismática, do ‘Batismo no Espírito Santo’ voltei para casa na primeira noite, sem entender nada. Toda noite iam me buscar em casa para participar desses encontros. Após essas três noites de encontro, começamos a Renovação Carismática na Igreja de Nazaré”.
No sul, chegaram alguns Irmãos Canadenses por intermédio do Pe. Philippe. Eram eles: Ir. Mauricio, Michel e Ivo. A essa altura o Ir. Mauricio Labonté, que era missionário canadense começou a evangelizar os jovens a partir da espiritualidade da RCC, fundando o Grupo de Oração João XXIII, na capela das Irmãs Missionárias, na Aldeota, anos depois ficando sob a coordenação de Lucia Nogueira de Medeiros.
A década de 70 foi um período difícil para a Renovação Carismática. Essa nova expressão eclesial começava a se desenvolver. Conversando com Iolanda Fialho[4], ela me disse que nesse período não existia ainda literatura a respeito da RCC, “se ouvia as palestras, líamos a Bíblia e usávamos o livro de cânticos louvemos ao Senhor”. Emmir Nogueira[5] conta que o acesso a Bíblia não era tão fácil “naquela época para conseguir uma bíblia tinha que vir do Rio de Janeiro. Era preciosíssima uma Bíblia, pois era difícil consegui-la. Nossa turma ainda hoje guarda a primeira Bíblia, pois ela teve para nós um valor inestimável”.
Era o período do desenvolvimento da Teologia da Libertação e das Comunidades Eclesiais de Base, que na América Latina teve grande repercussão no meio do clero. Havia dificuldades de convivência entre essas duas expressões eclesiais. Emmir testemunha uma vez que foi expulsa da Igreja de São Benedito, onde o sacerdote dizia “sai porque você não é Igreja e a RCC não está no plano de pastoral orgânico paroquial. Retire-se daqui com seu povo! Eu sai com todos os coordenadores de grupo de oração atrás de mim. Lá fora faixas do PT. Cruzei com Maria Luiza a três dedos de mim de distância e, Deus foi muito bom, porque eu sorri para ela e disse: Deus te abençoe”[6]. Nesse período o Pe. Caetano escreve o livro A teologia da Libertação a luz da Renovação Carismática. O texto é resultado de um encontro de líderes da RCC de todo o Brasil em Campinas entre 04 e 11 de Janeiro de 1978. Nesse encontro foram feitas apreciações e criticas a respeito de um estudo feito a pedido da CNBB e com base em uma pesquisa do CERIS, realizada em 1975 e publicado em 1978 pela Editora Vozes. Mesmo nascendo no mesmo período, após o Concilio Vaticano II, Teologia da Libertação e Renovação Carismática, sempre tiveram dificuldades de entendimento. Era comum nessa época encontrar pessoas ligadas as Cebs que diziam que os carismáticos eram um bando de “alienados”, “só querem saber de rezar”, “eles constituem um grande perigo para a Igreja”, “não se engajam na luta dos pobres”, etc. O Pe. Caetano, em contrapartida, no livro citado acima, diz “Só existe libertação total, real e concreta, na medida em que o homem, assumido pelo Senhor Jesus, se liberta do seu egoísmo, de suas tensões, medos e angústias, das opressões do demônio, para se lançar na gratuidade e na disponibilidade do serviço libertador do próximo” [7]. São duas realidades eclesiais que se distanciavam cada vez mais.
Nos anos 70, vai surgir a primeira equipe de serviço da RCC, formada por Ir. Cardoso, Ir. Ribeiro e Horácio Didimo. Esse último[8] participa ainda hoje ativamente da Comunidade Face de Cristo, onde coordena um grupo de oração. Nesse período a preocupação da equipe era dupla: difundir a riqueza dessa espiritualidade e conquistar legitimação por parte do clero, já que nesse período se contava nos dedos os sacerdotes que apoiavam o movimento.
Em 1978, a primeira edição do jornal Ágape, traz a informação da primeira reunião do conselho de representantes dos grupos de oração da região no dia 1 de março, no cenáculo, com representantes dos seguintes grupos de Fortaleza: Cristo Redentor, Santo Afonso, Sagrada Família, N. S. Medianeira, Cenáculo, Santo Tomás de Aquino, João XXIII, N. S. Fátima, Espírito Santo, Noite de Oração, N. S. Piedade, N. S. do Santíssimo Sacramento, N. S. dos Remédios.
Em vários lugares começam a acontecer Seminários de Vida no Espírito Santo, e as lideranças da RCC vão sendo formadas. Em Março de 1978, o Pe. Eduardo dirigiu um retiro para cerca de 50 lideres, no cenáculo.
Em 6 de Abril de 1978, Dom Aloísio recebe a nova comissão regional formada por Ir. Ribeiro, Pe. Philippe Prevost, S.J, Pe. Caetano de Tilesse, Horácio Dídimo, Maria Evendina, Hiran de Albuquerque Lage, Cleide Maria Furtado Arruda.
Entre a década de 70 e 80, Dom Aloísio, que era Arcebispo de Fortaleza, envia Monsenhor Camurça, para acompanhar a RCC.  Ele vai dar um grande apoio a Renovação, participando com assiduidade dos encontros promovidos pelo movimento.
Em 1981, acontece um retiro com as lideranças da RCC onde estava presente o  Pe. Jonas Abib. Para os que estavam nesse retiro, esse foi um marco referencial na RCC de Fortaleza. O Pe. Jonas partilhou a sua experiência na comunidade Canção Nova, fundada por ele, que naquela época foi à primeira comunidade carismática do Brasil. Segundo Emmir, ele dizia na pregação: “Deus quer comunidades”. Depois desse retiro foram surgindo várias comunidades em várias localidades de Fortaleza: O Instituto Religioso Nova Jerusalém, a Comunidade Shalom, Face de Cristo, Nova Evangelização, Obreiros da Tardinha, etc. A década de 80, na verdade, foi o período de nascimento das comunidades e grupos de oração em todos os cantos de Fortaleza. De norte a sul, de leste a oeste, surgiam novas comunidades, grupos de oração, se realizam Seminários de Vida no Espírito Santo, aumentava a adesão de pessoas a essa nova expressão eclesial.
Em uma palavra, a Renovação começa a se expandir. Passa a acontecer um trabalho de evangelização através da Radio Assunção, que depois precisou ser vendida. Em 1986, Afondo Ibiapina apresenta ao Bispo o projeto do Queremos Deus, com o objetivo de mobilizar todas as comunidades em uma grande atividade de evangelização. O Governador na época era Gonzaga Mota que cedeu gratuitamente o Castelão para a realização do evento. Desde esse ano, só em 1987, 2001 e 2002 não aconteceu. De certo modo essa atividade é relevante para a Arquidiocese de Fortaleza, pois consegue congregar muitas pessoas de vários lugares. No ano 2000, chegou a reunir 200.000 pessoas na Base Aérea de Fortaleza, tendo repercussão nacional.
Um pensamento que circulava a nível Nacional era que a RCC era uma investida conservadora contra o avanço das Ceb´s. Isso tem reflexo na cidade, tanto que o Jornal o povo, em 1988, traz uma matéria com o seguinte titulo: “Investida conservadora conta com os carismáticos”. O jornal continua afirmando que os setores conservadores do Vaticano contam com a ajuda do movimento da Renovação Carismática Católica para desarticular a “ala progressista” no Brasil. Esse pensamento não se justifica, conforme Ronaldo José de Sousa[9], já que havia dualização do discurso, impedindo que houvesse na Igreja intercâmbio entre os adeptos das Ceb’s e carismáticos, diminuindo a possibilidade de influência entre esses dois movimentos. Cada qual se localizou na Igreja em lugares bem definidos e era impossível, por exemplo, encontrar um grupo de oração em uma Comunidade Eclesial de Base.
Outros continuam afirmando, que a RCC faz parte de um grande projeto reacionário, como deixa entrever o titulo do jornal fortalezense, levado a cabo pela própria hierarquia conservadora através de uma política de retração à Teologia da Libertação e que esse teria possibilitado sua expansão.
É evidente que a Igreja de Roma, sempre demonstrou simpatia pela Renovação Carismática. Em 1973, quando acontece a primeira conferência Internacional de Líderes, o Papa Paulo VI, conversando reservadamente com treze pessoas de oito países que participam desse encontro, disse: “alegremo-nos com vocês, queridos amigos, pela renovação da vida espiritual que se manifesta hoje em dia na Igreja, debaixo de diferentes formas e em diversos ambientes”.[10]
A aproximação da Renovação Carismática com o Vaticano se deu através de grande colaboração do Cardeal Leon Josef Suenens, Arcebispo de Malines, Bruxelas, Bélgica, que acompanhou o movimento desde o seu início, a pedido do próprio Paulo VI. O Cardeal Suenens teve participação decisiva no Concílio Vaticano II.
Já em 1975, em um novo encontro internacional de carismáticos, em Roma, o mesmo Paulo VI, diz aos mais de 10 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro: “Para um mundo assim (...) não existe nada mais necessário do que o testemunho dessa renovação espiritual, que o Espírito Santo suscita hoje (...). Então, não será uma graça para a Igreja e para o mundo essa renovação espiritual? E, neste caso, como não adotar todos os meios para que isso continue acontecendo?”.[11]
Na mesma linha, segue João Paulo II, manifestando o seu apoio ao movimento, incentivando o desenvolvimento de uma teologia do Espírito Santo e de uma eclesiologia que mostre o lugar dos carismas na unidade da Igreja, pois reconhece o Papa, um despertar nos tempos atuais, ao Espírito Santo. No início de seu pontificado, em 11 de dezembro de 1979, o Papa polonês recebeu o Cardeal Suenens e outros membros do Conselho Internacional da Renovação Carismática. Foi exibido um documentário sobre a RCC. Eis alguns trechos dos comentários feitos pelo Papa: “Eu sempre pertenci a essa renovação no Espírito Santo (...) estou convencido de que esse movimento é um sinal de sua ação (...) agora eu vejo esse movimento por todas as partes. Em meu país vi uma presença especial do Espírito Santo (...). de maneira que estou convencido de que este movimento é um importante componente dessa total renovação da Igreja, dessa renovação espiritual da Igreja”.[12]
Esse apoio de Roma não influenciou a Igreja da América Latina. Na década de 70, esse continente seria marcado por uma forte adesão desse Episcopado à Teologia da libertação. A reunião do Episcopado Latino Americano em Puebla, em 1979, sela o compromisso da “opção preferencial pelos pobres”.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em 14 de fevereiro de 1979, o teólogo da libertação Leonardo Boff assegurou: “E as três afirmações que Puebla fez e que nos interessam no aspecto político-religioso foram à afirmação da opção preferencial pelos pobres, a afirmação da Teologia da Libertação, ou melhor, da temática da libertação, e a afirmação muito decidida da defesa dos direitos humanos. E eu diria ainda uma quarta coisa que para nós é muito importante, a afirmação explícita e acentuada de apoio às comunidades eclesiais de base. (...) Essas quatro ultimas causas profundamente afirmativas de Puebla constituíram-se, nos últimos anos, nas grandes bandeiras da Teologia da libertação”.[13]  
Por outro lado Puebla nada refere acerca da teologia ou práxis dos movimentos eclesiais. A única referência direta ao que chama de renovação espiritual que aparece nos meios mais diversos lembra a complacência de Paulo VI e de algumas Conferências Episcopais em relação ao movimento, mas alerta que “essa renovação exige dos pastores bom senso, orientação e discernimento, para que se evitem exageros e desvios perigosos”.[14]
Na década de 70, a Igreja Católica Brasileira mostrou-se como a mais progressista de toda a América Latina. Foi aqui que as Ceb´s se tornaram modelo para as Igrejas dos Países do Terceiro mundo. Houve um forte apoio do episcopado as comunidades eclesiais, gerando uma forte oposição da hierarquia a RCC devido a sua postura considerada espiritualizante. O movimento não participava dos planos diocesanos, mantendo-se a margem e desenvolvendo atividades paralelas.
O jornal o povo manifesta uma opinião que não encontra lugar na realidade arquidiocesana das comunidades e grupos de oração, como pode ser explicitado acima, pelo simples fato da Igreja de Fortaleza receber forte influência da Teologia da Libertação. É evidente que os Bispos procuravam acolher como pastores, já que a própria Sé Apostólica manifestava certo apreço pelo movimento, mas as Paróquias e Áreas Pastorais faziam de sua freguesia, o lugar das “comunidades eclesiais de base”. Isso é tão verdade, que nessa mesma edição do Jornal O Povo, monsenhor André Camurça, então Vigário-Geral da Arquidiocese, afirma que não passam de cinco os padres alinhados com o movimento.
Nesse mesmo período, a Coordenação arquidiocesana busca entendimento com o Arcebispo Dom Aloísio, para continuar o projeto “Evangelização 2000”, que consistia em cursos com duração de 4 meses para evangelizadores com três horas por semana, ou cursos intensivos de 11 dias com o objetivo de despertar “a Igreja missionária, que vai as ruas anunciar o Evangelho”, diz Pe. Caetano. Esse é um projeto a nível nacional, mas que ganhou um grande espaço em Fortaleza, acontecendo evangelização nas ruas e praças públicas.
A Comunidade Nova Evangelização, hoje sob a coordenação de Lúcia Medeiros[15], nasce sob forte influência desse projeto. Ela me disse que procurou fazer cursos em outras partes do Brasil, trabalhando incansavelmente pelo desenvolvimento de uma evangelização sistemática em Fortaleza. É importante dizer que todo esse trabalho continua se desenvolvendo atualmente. No Congresso Estadual do ano passado, ouvi Emmir Nogueira dizer que sua comunidade havia evangelizado todo o bairro de Fátima, indo de casa em casa testemunhando a Palavra de Deus, conseqüência do forte trabalho de formação realizado na década de 80.
Já se aproximando do final dos anos 80, monsenhor Camurça diz que já são mais de 200 grupos espalhados pela cidade. Surge então uma dupla preocupação: a formação de lideranças e a estrutura adequada para o funcionamento dos grupos de oração, pois constatava-se ser essa a grande necessidade das equipes que coordenavam a Renovação. Vários encontros foram realizados nesse sentido sendo produzido algum material, que orientava por ênfase nos grupos de oração.
Essa formação começava pelos seminários carismáticos, lugar do primeiro anúncio, seguido de grupos carismáticos, que influenciados pela experiência da comunidade Shalom se dividia da seguinte maneira:
Grupos de 1º fase de crescimento, com no máximo 50 pessoas, onde o objetivo principal era a prática dos carismas (1 Cor 12,1-12); grupos de 2º fase de crescimento com o objetivo de uma instrução na doutrina católica; grupos de 3º fase de crescimento onde as pessoas são incentivadas a viver o discipulado, fazendo um caminho de santidade. Essas fases de crescimento tinham pelo menos quatro aspectos fundamentais: Estudo bíblico, oração pessoal, partilha de vida e ministérios (como se chama ainda hoje os serviços realizados dentro e fora do grupo de oração).



[1] Sacerdote jesuíta, que colaborou imensamente no desenvolvimento da RCC em Fortaleza.
[2] Informativo da Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de Fortaleza - ANO XXII - Jul/Agos/2000 - no 205
[3] Pe. Batista é sacerdote Piamartino que se encontra no Brasil a vários anos.
[4] Iolanda Fialho é Assistente Social e coordenou a RCC Arquidiocesana de 2000-2006.
[5] Emmir Nogueira é Co-fundadora da Comunidade Católica Shalom que no ano de 2007 recebeu o reconhecimento pontifício, coordenando por dois mandatos de três anos a RCC arquidiocesana.
[6] Informativo da Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de Fortaleza - ANO XXII - Jul/Agos/2000 - no 205.
[7] Tillesse, Caetano Minette. A Teologia da libertação a luz da Renovação Carismática, São Paulo, Edições Loyola, 1978, pg. 44.
[8] Horácio Dídimo foi professor do departamento de literatura da Universidade Federal de Fortaleza. É autor de vários livros entre eles: tempo de chuva, tijolo de barro, A palavra e a Palavra (amor – palavra que muda de cor), etc. Faleceu em 2018.
[9] Ronaldo José de Sousa foi membro da Comissão Nacional de Formação da RCC e Professor da Faculdade de Filosofia de Cajazeiras – PB. É consagrado da Comunidade Remidos do Senhor.
[10]  Renovação Carismática Católica. A identidade da RCC, apostila 1. São José dos Campos: Fundec, s/d, pg. 16.
[11] Ibid., pg. 15.
[12] Sousa, Ronaldo José de. Carisma e instituição: relações de poder na Renovação Carismática Católica do Brasil, Aparecida, SP; Editora Santuário, 2005, pg 66-68.
[13] Ibid., pg. 69.
[14] Ibid., pg. 70.
[15] Ela foi uma das coordenadoras do Grupo João XXIII, um dos primeiros grupos do movimento aqui em Fortaleza.

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