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terça-feira, 18 de junho de 2019

Senhora do mundo, Rainha dos céus


A saudação a Maria como “Senhora do mundo” encontra seu eco na interpretação da dramática cena do Apocalipse:
“Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz. Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho. Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono”.
O filho que recebe o cetro de ferro é o próprio Cristo, que veio para salvar o mundo dos seus pecados. A cena evoca a luta contra o “príncipe deste mundo” (Jo 12,31; 14,30; 16,11), o Diabo, que quer a nossa condenação. Pela desobediência de nossos primeiros pais o pecado entrou no mundo, mais Deus não os abandonou a própria sorte. Chegada à plenitude dos tempos, Deus enviou o seu próprio Filho, nascido de uma mulher nos salvando da condenação eterna. Em nossa visão linear da história, esperamos a consumação dos tempos (Mt 28,20), onde o Cristo Jesus, Nosso Senhor, estabelecerá o seu reino definitivo.
É o Espírito Santo que nos faz entrar “nos últimos tempos”, (Cf. CIC 732) como povo escatológico, na ansiosa expectativa do “já” e “ainda não”. A figura da mulher que luta, é interpretada como o povo, que sofre às investidas de Satanás, a espera da segunda vinda do Filho de Maria. Esse povo resiste, pois tem a certeza da vitória alcançada graças ao sangue do Cordeiro (Cf. Ap 12,10).
Maria é a mãe do Filho, que recebeu o cetro de ferro, por isso toda uma geração a proclama “bem-aventurada”. Pelos méritos de Cristo, é elevada a condição de “senhora do mundo”, pois desempenha um papel fundamental como “a onipotência suplicante”, que humildemente roga pelo mundo, por nossa salvação. Dentro do ambiente de uma casa a “senhora” é aquela que cuida de tudo. Mesmo vivendo em uma época em que as mulheres disputam os postos de trabalho em pé de igualdade com os homens, em casa são elas que governam. Os homens até ajudam, mais são elas que administram tudo. Maria, como “Senhora do mundo, Rainha dos céus”, cuida para que nenhum dos filhos do seu Filho se perca. Rogamos sua intercessão porque confiamos nos seus cuidados.
Uma poesia de cunho religioso, da época do renascimento português, presta uma homenagem a Virgem Maria chamando-a de “Senhora do mundo”:

Senhora do mundo
princesa da vida
sejais de tal filho
em boa hora parida.
Aquele soberano,
supremo Senhor,
por suma bondade
vencido de amor,
de vós toma o traje
de manso pastor,
por que d'Ele não fuja
a ovelha perdida.
Do horto cerrado
das vossas entranhas,
aquele fazedor
de santas façanhas
saiu disfarçado
com roupas estranhas
do ser que aos santos
dá glória comprida.
Por vós, Virgem santa,
podemos dizer
que o Homem começa
de novo a viver,
que antes sua vida
foi sempre morrer
com grandes suspiros
por ver nova vida.
Trocamos por vós
pesar em prazer,
e sempre ganhar
e nunca perder;
pobreza em riqueza,
ignorância em saber
a fome em fartura,
a morte na vida.

    Exaltar Maria como Senhora do mundo e Rainha dos céus, é reconhecer o que lhe foi concedido pelo próprio Filho. Jesus é Deus, Adonai, e seu senhoril se manifesta sobre todas as criaturas. Maria é aquilo que seu Filho quis que ela fosse e por essa razão podemos recorrer a sua materna intercessão. Com efeito, São Bernardo de Claraval afirma Maria recebeu de Deus uma dupla plenitude de graça. A primeira foi o Verbo eterno feito homem em suas puríssimas entranhas. A segunda é a plenitude das graças que, por intermédio desta divina Mãe, recebemos de Deus".
            O desejo da mãe dos filhos de Zebedeu criou uma discussão que se transformou em uma ocasião para Jesus assegurar aos seus discípulos como se manifesta o seu reinado: através do serviço (Cf. Mt. 20,20ss). Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica: “Cristo, Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28). Para o cristão, ‘reinar é servir’” (CIC n.786). O n. 59 da Lumen Gentium diz: "A Virgem Imaculada (…) foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte". Portanto, a Virgem Maria, Senhora do mundo e Rainha dos céus, demonstra através do seu exemplo, que o autêntico serviço ao próximo é fundamental para vencermos o mal e estabelecer novas relações marcadas pelo amor com que Cristo nos amou.

3 comentários:

Unknown disse...

Na oracao do Oficio da Imaculada Conceicao tambem fala Senhora do mundo que a nenhum pecador....

Robson Xavier disse...

O que reflete nossa condição.

Maryluce disse...

Essa Senhora, escolhida, é a Santa que escolhi pra subir comigo. Muito me encanta a sua beleza espiritual,firme, forte e suave, nunca desampara um filho (a). Não tenho devoção a nenhum santo, embora ache linda a história de cada um, mas é em Maria que me identifico, talvez por ser mãe que sentiu alegria,o martírio e a glória. Algumas vezes clamei a interseção de santa Mônica porque me identificava com ela, mas admiro a todos (as)