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sexta-feira, 2 de abril de 2021

Via Sacra

 

I ESTAÇÃO: Jesus é condenado a morte (Cf. Mt 27,22-26).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Fostes condenado de forma injusta. Pelo preço de um escravo o entregaram  nas mãos dos brutais soldados e em troca de um bandido ouvistes a sentença que o levou a morte. Aqueles que gritavam “crucifica-o”, fizeram Pilatos assinar a dolorosa condenação.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de todos que são sentenciados a uma vida sem dignidade.

Tende piedade de todos que são entregues nas mãos dos violentos.

Tende piedade de todos os que são violentos. Fazei que eles se convertam e acolham a bem aventurança da paz.

Tende piedade  de todos que assinam a própria condenação por não perdoar.

Tende piedade dos que gritam querendo a morte dos seus irmãos.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

II ESTAÇÃO: Jesus carrega a pesada cruz (Cf. Mt 27,27-31).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Quando leio os Evangelhos imagino como foi carregar a pesada cruz. Não posso me esquecer que dissestes que eu devo carregar também a minha cruz. No meio de uma multidão enfurecida, caminhas levando consigo o peso dos nossos pecados. Cada passo na direção do Calvário, abriu o caminho da salvação de todo o gênero humano.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de todos que estão cansados e fadigados por causa do peso da cruz. Renova suas forças, não os deixa desistir.

Tende piedade de todos que carregam a cruz do fracasso, da decepção, medo e desespero.

Tende piedade de todos os que carregam a cruz dos que não conseguem mais carregar sua própria cruz.

Tende piedade de todos que são abandonados, marginalizados e oprimidos.

Tende piedade de todos os que carregam a cruz através do serviço que prestam aos abandonados, marginalizados e oprimidos.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

III ESTAÇÃO: Jesus cai pela primeira vez (Cf Is 53,4-6).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, quando o vejo no chão caído, recordo as muitas vezes em que cai. No chão, meus olhos veem os seus, e sua amável companhia renova minhas forças. Se deixa abater por mim, se abaixas por nós porque queres levantar-nos.

O que te fez cair foram os meus pecados, sobre teus ombros foi colocado nossa ingratidão. E eu aqui caído, cruzo meus olhos com os teus e não posso deixar de orar pelos muitos caídos, que não tem mais força para levantar. Ajudai-nos Senhor!

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim que sou pecador, que o ofendo por pensamentos, palavras, atos e omissões.

Tende piedade de nós que pecamos, ingratos, negamos, recusamos e abandonamos teu amor para seguir nossos amores terrenos, efêmeros e egoístas.

Tende piedade dos caídos por causa de suas más escolhas.

Tende piedade dos caídos por causa das más escolhas dos outros.

Tende piedade de nós Senhor, levanta-nos, queremos segui-lo.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

IV ESTAÇÃO: Jesus encontra sua mãe (Cf. Lc 2,34-35.51).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, que mãe gostaria de ver o filho sofrendo, sendo maltratado e humilhado? Tua mãe teve que passar por isso! Foi olhando para ela do alto da Cruz que dissestes, “Mãe, eis aí o teu filho”. Como me colocastes nas mãos de tua singela mãe, posso nesse momento de dor me dirigir em prece a ela que tantas vezes tem sido invocada como Mãe das Dores.

Oh, Maria, Mãe das Dores, sou eu teu filho, que roga tua intercessão. Muitas vezes tenho me afastado do caminho aberto pelo teu Filho, nosso Senhor e Salvador. E vejo que não somente eu, mas muitos tem se desviado do caminho da salvação. Trazei-nos de volta, fazei-nos permanecer junto do teu Filho e segui-lo como tu mesmo fizestes!

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade e, pela intercessão de Maria, Mãe das Dores, trazei aqueles que se desviaram do caminho da Salvação.

Tende piedade e, pela intercessão de Maria, Mãe das Dores, atraí todos pela força do amor para que permaneçam no teu seguimento assim como fizestes tua Mãe.

Tende piedade e, pela intercessão de Maria, Mãe das Dores, sede solícito com todos os que apresentam suas dores confiando na tua compaixão.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

V ESTAÇÃO: Simão Cirineu ajuda Jesus (Cf. Mt 16,24; 27,32).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, era tão grande o teu cansaço que foi preciso chamar um estranho, um desconhecido para ajudá-lo nessa penosa caminhada. Não posso deixar de rezar nesse momento com teu convite amoroso: “vinde a Mim vós todos que estais cansados e fatigados e eu vós dareis descanso”. Que eu encontre sempre em vós o descanso para o meu cansaço, que eu encontre o repouso para a minha lassidão!

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim por não buscar descanso para o meu cansaço.

Tende piedade de mim, e cuida do meu esgotamento, da minha fadiga e exaustão por causa do trabalho.

Tende piedade de mim por não ser outro “Cirineu” me negando a auxiliar quem está cansado.

Tende piedade de mim por não aliviar o peso dos que caminham tombando por causa do peso de suas lutas e tarefas diárias.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

VI ESTAÇÃO: Verônica limpa o rosto de Jesus (Cf. Is 53,2-3).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, ao longo da via dolorosa, muitas vezes  não conseguistes ver o resto do caminho por causa do suor e sangue que caiam no seu rosto. Quisera eu ter a coragem de Verônica! Ela conseguiu vencer a fúria dos soldados e através desse simples gesto nos deixa uma lição aprendida com o Divino Mestre a quem serve por um breve instante. Que eu aprenda a servir, que eu aprenda a amar olhando para o Senhor que nos ensina que amar é servir, que servir é amar!

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim que me fecho ao próximo, que sigo meu caminho de forma egoísta.

Tende piedade de nós que seguimos indiferentes ao sofrimento do outro por causa do individualismo que nos cega.

Tende piedade de nós que ainda não aprendemos as muitas lições do serviço que nos deixastes através de palavras e obras.

Tende piedade por continuarmos seguindo o caminho sem colocar em prática o novo mandamento que nos deixastes.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

VII ESTAÇÃO: Jesus cai pela segunda vez (Cf. Lm 3,1-2.9.16).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, contemplando essa cena, não posso deixar de dizer que já cai muitas vezes. O que seria de mim se não fosse o teu perdão? Perdoa-me Senhor, que sua face não se afaste da minha, que eu não deixe de correr em vossa direção sempre que pecar. Quero vós oferecer meu coração contrito e humilhado desejoso  de ser recebido novamente em vossa casa.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim porque sou pecador, ofendo a vós sempre que deixo de segui-lo.

Tende piedade de mim por colocar em dúvida seu perdão, me escondendo de vós como fizestes nossos primeiros pais.

Tende piedade de mim por não oferecer o sacrifício do coração arrependido.

Tende piedade de nós por favorecermos a queda dos nossos irmãos agindo mal.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

VIII ESTAÇÃO: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém (Cf. Mt 23,28-31).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, muitos sentem o sofrimento dos outros, choram impotentes. Essas mulheres que vão ao teu encontro nada podem fazer além de se lamentar. Elas representam todos aqueles que sentem hoje teu sofrimento ao carregar sua cruz a cada dia.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade dos que tem fome, sede e frio.

Tende piedade daqueles que não tem onde morar.

Tende piedade dos imigrantes e encarcerados.

Tende piedade dos doente e enlutados.

Tende piedade de todos os que sofrem.

Tende piedade de todos os que estão ao lado dos que sofrem.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

IX: Jesus cai pela terceira vez (Lm 3,27-32).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, diante dessa cena agradeço pelo mistério do teu amor que não se cansa de me buscar. Com o profeta Isaias rezo com confiança sabendo que carregastes sobre si os nossos pecados (Cf. Is 53).

Três vezes caístes e levantastes,

três vezes chamastes meu nome.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de mim por negar a ti como Pedro fizeste.

Tende piedade de nós quando faltar esperança.

Tende piedade de nós quando faltar fé.

Tende piedade de nós quando faltar amor.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

X ESTAÇÃO: Jesus é despojado de suas vestes (Cf. Mt 27,33-36).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, fostes deixado nu para sofrer ainda mais a humilhação. Hoje, querem arrancar as vestes da nossa dignidade.

Temos direito a pão, mas querem nos dar somente o que sobra.

Temos direito a educação, mas querem dar somente informação.

Temos direito a saúde, mas querem nos dar somente ajuda.

Temos direitos e querem nos fazer crer que merecemos apenas favores.

Somos filhos, herdeiros, co-herdeiros do Reino e querem nos fazer crer que não somos merecedores dessa condição.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade dos humilhados.

Tende piedade dos exaltados,

Tende piedade dos que estão nus.

Tende piedade dos que vestem os nus.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

XI ESTAÇÃO: Jesus é pregado na cruz (Mt 27,37-42).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, nessa hora que o vejo pregado na cruz, rezo com cada palavra que dissestes nesse lugar de agonia:

“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Que não me falte forças para dar e receber o perdão.

“Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). Ajudai-me a segui-lo pelo caminho. Quero permanecer contigo.

“Mulher, eis o teu filho; filho, eis a tua mãe” (Jo 19,26). Me deixastes sob os cuidados de vossa amável Mãe. A vossa proteção recorro Santa Mãe de Deus, não desprezeis meus rogos.

“Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mt 27,46). Quero rezar com o salmista renovando a esperança a cada dia.

“Tenho sede...” (Jo 19,28). Meu Senhor, que eu sacie tua sede salvando almas!

“Tudo está consumado” (Jo 19,30). Sou grato por teu sacrifício. Que dessa gratidão possa nascer sempre o compromisso com o Reino de amor, paz e justiça.

“Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 23,46).  Que em vós eu sempre encontre sentido para viver.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

XII ESTAÇÃO: Jesus morre na cruz (Cf. Mt 27,45-50.54).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, nessa hora o véu se rasgou, o silêncio pode ser ouvido em todo lugar. “Eis o lenho da cruz, cantamos, da qual pendeu a salvação do mundo”.

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de nós pecadores, salvai-nos.

Tende piedade de nós pecadores, salvai-nos.

Tende piedade de nós pecadores, salvai-nos.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

XIII ESTAÇÃO: Jesus é descido da cruz (Cf. Mt 27,54-55).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, aos pés da cruz se encontrava sua mãe. Rezo com a dor do pranto da Mãe das Dores que lava as feridas do crucificado. Nesse momento, ela sentiu a dor da profecia de Simeão, “uma espada te transpassará”  (Cf. Lc 2, 25 – 35).

Meu Senhor e meu Deus,

Tende piedade de todos os que são transpassados pela dor.

Tende piedade de todos os que cuidam da dor dos transpassados.

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

XIV ESTAÇÃO: Jesus é sepultado (Cf. Mt 27,59-61).

V. Nós vos adoramos, Ó Cristo e vos bendizemos,

R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Meu Senhor, muitos o abandonaram ao longo dessa dolorosa caminhada. Tinham medo, pavor, acreditavam que podiam ter o mesmo fim. O silêncio tomou conta e parecia que a esperança havia sido sepultada. Que alegria, pois sabemos que a morte não pode segurar-te, fostes vitorioso!

Meu Senhor e meu Deus, obrigado porque permaneces conosco.

Meu Senhor e meu Deus, obrigado porque não deixastes findar nossa esperança.

Meu Senhor e meu Deus, obrigado porque só tu tens palavra de vida eterna!

Pai Nosso, Ave maria, Glória ao Pai.

 

 

 

 

 

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Espiritualidade eucarística

 

O ato de comer cria uma espiritualidade, ou seja, um jeito de ser, uma forma de viver.

Aprendemos a ser gratos por aqueles que compartilham a vida conosco, que “vivem debaixo do mesmo teto” que estão ligados por vínculos de parentesco, humano e espiritual.

Aprendemos a reconhecer que através dessa refeição somos acolhidos, amparados, sustentados e nutridos de tantas formas, todos os dias.

Aprendemos a valorizar os que trabalham para que o alimento chegue a nossa mesa. Só assim somos capazes de enfrentar os desafios cotidianos.

Aprendemos a ser generosos porque esse alimento é partido e repartido para favorecer o bem daqueles que sentam a mesa conosco.

Aprendemos que o egoísmo deve ser vencido, porque a verdadeira alegria vem daqueles que abrem as mãos na direção dos seus irmãos.

Aprendemos a reconhecer a força da oração do Pai-Nosso, “o Pão Nosso de cada dia nos dai hoje”. Nunca sentamos a mesa sozinho, nem fazemos uma refeição sem estarmos cercados.

Aprendemos a nos unir aos que tem e aos que não tem. A não querer muito e nem tão pouco.  

Aprendemos a perdoar. As vezes sento a mesa e ofendo, machuco, firo. Seja por palavras ou por obras torno esse momento sem sabor. É o perdão que devolve o gosto a refeição. 

Aprendemos a ser alegres porque comer junto gera contentamento, e não são poucas as vezes que o riso corre solto.

Aprendemos a ter fé, crer no possível e esperar pelo Deus do impossível.

Aprendemos a recordar, lembrar, reviver. Trazemos os que não estão perto, que permanecem vivos em nossa memória.

Aprendemos que a mesa é lugar para acordos, pactos, alianças entre os que querem fazer o bem, mas também entre os que querem fazer o mal. E essa é uma escolha que devemos fazer.

Aprendemos a amar a Deus e ao próximo, e a tornar esse momento em torno da mesa, eterno.

Por essas razões, Jesus escolheu a mesa para nos deixar o seu memorial. Foi sentado com seus discípulos que Ele nos deixou o seu testamento espiritual. Suas palavras e seus gestos trouxeram lições que se eternizaram no Banquete da Eucaristia, testemunho perene da presença de Deus no meio de nós.

A fé eucarística é a certeza da transformação do que é naquele que a de vim. O meio pelo qual Deus renova todos os dias a esperança de dias melhores. Por isso mesmo, rezamos em cada Eucaristia, “Maranatá, vem Senhor Jesus”. 

Vem Senhor Jesus, nos ajudar a

Partir,

Repartir,

Unir,

Dividir,

Perdoar,

Agradecer,

Acreditar,

Amar.