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sexta-feira, 20 de março de 2020

Cuidado com a mentira


O começo da narrativa bíblica começa com um drama: o pecado. Os nossos primeiros pais são enganados, o Diabo engane, ilude, MENTI fazendo-os acreditar no que não é verdade. Quando descobrem que foram tapeados querem encontrar um culpado. Tarde demais! A grande alegria é descobrirmos que Deus não abandona “a obra prima” de suas mãos a própria sorte.
O Diabo fez os nossos primeiros pais acreditarem que podiam ser como deuses. Não é essa a mentira que queremos transformar em verdade?  A mais perigosa mentira incha o ser humano de orgulho, que passa a acreditar que é maior, melhor. É essa mentira que fez os homens ao longo do tempo subjugar suas mulheres, transformar seu semelhante em escravo, tomar, usurpar, usar a força para conseguir realizar seus intentos.  O grande rei Davi foi movido por essa mentira quando achou que podia tomar a esposa do seu general, tendo-o que mata-lo para ficar com ela e esconder o pecado que havia cometido (Cf. II Samuel 11) Foi isso que fez com que a rainha Jezabel pagasse homens inescrupulosos para mentir diante dos anciãos para tomar a vinha de Nabot (Cf. 1 Reis 21).
O tempo passou e continuamos a vê na nossa não tão antiga  história povos subjugando outros atrás de uma falsa ideia de “missão civilizatória” ou por crenças que serviram de base para extermínios dos fracos, dos inferiores.  O mesmo podemos dizer da morte de mulheres, “mais fracas”, vítimas, em sua grande maioria, dos seus maridos.
Jesus quis curar o ser humano dessa mentira. A mãe dos filhos de Zebedeu queria que seus filhos “reinassem”, portanto, subjugassem a outros graças ao poder que receberiam do “rei Jesus”. O Divino Mestre viu que os demais apóstolos tinham ficado furiosos com esse pedido e aproveitou a ocasião para ensinar a formula do remédio para nos curar dessa mentira: “todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, faça o último” (Cf. Mt 20,26-27).
Quem mente sempre quer tirar proveito. No livro de Daniel, dois anciãos ameaçam a jovem Suzana com uma mentira para satisfazer seus apetites sexuais. O  profeta Daniel, descobre a mentira e faz os anciãos serem condenados contando ao tribunal a verdade (Daniel 13,1ss). Em uma novela da Escritura, vemos Dalila e Sansão tendo o seu amor envenenado por mentiras. O fim deles foi trágico (Jz 16). Não podemos esquecer a mentira que Rebeca e Jacó contaram para Issac para roubar o direito de primogenitura que pertencia a Esaú. O pequeno José viu a força que o perdão tem para transformar o mal em um bem. Por isso, José foi capaz de perdoar seus irmãos que o venderam como escravo, mentindo para o seu velho pai Jacó que chorou por anos pensando que seu filho estivesse morto.
O proveito que se tira da mentira causa sempre um prejuízo. Por exemplo, quando se faz um juramento falso “se invoca Deus como testemunha de uma mentira” (CIC 2151). Dessa forma, se passa a questionar os que invocam a Deus, é até mesmo o próprio Deus. O que atesta a força de um testemunho cristão não é a verdade?  O próprio Senhor disse, “eu sou a verdade ” (Jo 14,6). Por isso, a verdade é uma pessoa, é Cristo Jesus, Senhor e Salvador, daí quando nosso testemunho é verdadeiro demonstramos a estreita relação entre palavra humana e palavra divina.
Para não falsificar a verdade devemos ter humildade. Aprendi cedo que a humildade é a verdade. Por isso mesmo devemos encontrar a verdade sobre Deus, nós mesmos e o nosso próximo.
Quando me pergunto sobre a verdade a respeito do ser humano me vem à cabeça o que o salmista diz: “Que é o homem – digo-me então –, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles? Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes. Destes-lhe poder sobre as obras de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo. Rebanhos e gados, e até os animais bravios, pássaros do céu e peixes do mar, tudo o que se move nas águas do oceano” (Sl 8).
Quando me pergunto sobre a verdade a respeito do meu próximo me vem a cabeça a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-32). A pergunta que se faz ao Divino Mestre é essa, “quem é o meu próximo?”. A parábola não só diz quem é o próximo mais ilustra como devemos agir com o nosso próximo.
É qual a verdade sobre Deus? São João nos diz de forma bem simples: “Deus é amor” (1 Jo 4,8). Essa é a grande verdade que cura toda mentira.