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domingo, 30 de maio de 2021

Saudação a Santíssima Trindade

 

POESIA ELISABETE DA TRINDADE


Elevação à Santíssima Trindade (21 de novembro de 1904)


Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz nem me fazer sair de vós, ó meu Imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de vosso Mistério. Pacificai minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada preferida e o lugar de vosso repouso. Que eu jamais vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa Ação criadora. 

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor; quisera ser uma esposa para vosso Coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos… até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos revestir-me de vós mesmo, identificar a minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-vos, quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de vós. Depois, através de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em vós e ficar sob vossa grande luz; ó meu astro Amado, fascinai-me a fim de que não me seja possível sair de vossa irradiação. 

Ó Fogo devorador, Espírito de amor, “vinde a mim” para que se opere em minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para ele uma humanidade de acréscimo na qual ele renove todo o seu Mistério. E vós, ó Pai, inclinai-vos sobre vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com vossa sombra vendo nela só o Bem-Amado, no qual pusestes todas as vossas complacências. 

Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a vá qual uma presa. Sepultai-vos em mim para que eu me sepulte em vós, até que vá contemplar em vossa luz o abismo de vossas grandezas

quarta-feira, 12 de maio de 2021

O dia e a noite, o começo e o fim!

 

O tempo é recortado: dias, meses e anos. Com isso sentimos o ritmo que nos impõe os recomeços. Se você está lendo esse texto é porque começou ou terminou mais um dia. Cada dia que começa vem acompanhado de um novo respiro de vida. É um novo milagre que surge em cada manhã. Não importa se faz sol ou chuva, se é verão ou inverno, abre-se nesse instante um caminho cheio de possibilidades.

Entre o começo e o fim do dia existe um intervalo marcado pelas escolhas que fazemos. Desde as simples as mais complexas, vemos uma seta que aponta sempre para o fim. Não temos como fugir disso, tudo caminha para o fim. Alguns nessa hora podem está cantando o samba “deixa a vida me levar, vida leva eu” sem qualquer preocupação com o amanhã, apenas de olho no hoje. Porém, eu preciso avisar que apesar de tudo tender para o fim, o importante é como vamos chegar lá. Estaremos felizes com o que fizemos? que rastro teremos deixado para trás? Quem vem depois poderá seguir esses rastros?

Quem sabe algumas pessoas estejam acordando nesse momento a espera de um resultado de exame, de uma prova ou seleção. Outros estejam se preparando para o casamento ou iniciando suas tão esperadas férias. De uma forma ou de outra, como começamos o dia de hoje depende de como terminamos o dia de ontem. Como vivemos o dia de hoje, vai ser importante para dizer como vamos viver o dia de amanhã.

            Nesse sentido, dias, meses e anos não são apenas uma fita métrica para indicar que o tempo está passando. Eles são indicadores de como estamos vivendo. O salmista reza expressando o seu desejo de aprender “a contar os dias” (Cf. Sl 90,12). Ele quer a sabedoria de quem aprendeu a viver. A vida passa e quando nos damos conta, já estamos contando histórias de um tempo que passou. Nos transformamos em uma baú das memorias que guardamos. Assim, vão surgindo lições que nos ajudam a cruzar o tempo no ritmo do kairós.

            Na mitologia grega Chronos era o deus do tempo. Ele acompanha a vida. O calendário e o relógio dão as nossas vidas um ritmo cronológico. Kairós também pertence a essa antiga mitologia. Ele é descrito como um jovem. Kairós é o tempo que não pertence a Chronos. É o tempo sentido e não medido.

            Voltando a oração do salmista, podemos dizer que aquilo que ele deseja é sentir o tempo que passa. Por isso, o mais importante não é quanto tempo vivemos, se 20, 40, 60 ou 100 anos, e sim como chegamos. A força da nossa vida vai ser  medida pelo sentido que torna eterno o tempo. Contamos histórias, celebramos memórias, para transformar o fim em recomeços.

            O jovem Filho de Maria viveu pouco, muito pouco, mas ainda hoje se fala dele. Não são poucos que vivem n’Ele e por Ele. Contasse sua história em todos os cantos, seguem seu caminho, testemunham sua força. A forma como ele viveu cruzou o tempo, deu novo sentido ao viver de muitos. Ele vive!

Sua vida vai ser medida pela forma como você vive. Por isso, disse no começo, que cada dia se abre como uma nova possibilidade de fazer e refazer, começar e recomeçar. O dia se fecha como uma chance de recordar como se chegou até aqui. Nessa momento devemos avaliar. E com isso sentir o dia. Noite e dia, e tudo então começa de novo. Como você está hoje?