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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Maria, a cheia de graça!

 

A graça é o contrário da desgraça. A graça é aproximação de Deus. A desgraça é a distância de Deus. A graça é alegria, contentamento por viver com Deus, a desgraça é a tristeza, o desgosto por viver longe de Deus.

O Autor do Livro do Deuteronômio diz que nós podemos escolher o caminho das bençãos ou das maldições (Cf. Dt 28). O salmista reza para que o povo escolha o caminho da justiça e não o da injustiça (Cf. Sl 1). Jesus fala para a multidão da porta estreita e da porta larga (Cf. Mt 7,13) e ensina qual porta devemos escolher. Por isso podemos dizer que graça ou desgraça, benção ou maldição, justiça ou injustiça, estreito ou largo estão relacionados com a escolhas que fazemos.

 “Ave cheia de graça”, foi assim que o anjo saudou Maria, “cheia de graça”. O que isso significa? Ela recebeu o favor de Deus,  isso porque escolheu a Deus, fez sua vontade. A saudação do anjo nos leva a crer que a filha de Joaquim e Ana foi cumulada de uma grande riqueza que a fez “cheia de graça”. Riqueza que vem da participação na vida divina, graças a intimidade que nasce da amizade com o Criador a quem Maria saúda todos os dias através da Shemonê Esrê.

Somos chamados por Deus para participar da vida trinitária, isso nos coloca em estado de graça, que é uma disposição sobrenatural para aperfeiçoar, aprimorar a alma através da amizade divina nos dando a condição de pôr em prática o duplo mandamento do amor. O que impede a cada uma de nós é o pecado. Santo Agostinho na Cidade de Deus diz “O pecado é o grande mal desta vida; custou a vida de Deus morto na cruz para podermos ficar livres dele. Ele é a raiz mais profunda de todos os males. São Paulo diz que ‘o salário do pecado é a morte’ (Rom 6,23); quer dizer, toda lágrima, toda dor e a morte, têm a sua causa primeira no pecado, desde o pecado original até os nossos pecados pessoais. O pecado é ‘amor de si mesmo até ao desprezo de Deus’”.

Podemos facilmente perder o estado de graça. Foi o que aconteceu com o filho mais novo da Parábola do filho pródigo (Cf. Lc 15,11s). Ele abandona a casa do Pai, se distância. Cai em desgraça. Isso acontece também com os Discípulos de Emaús (Cf. Lc 24). Eles voltam para sua cidade, se afastam de Jerusalém, sentem uma enorme tristeza por causa da morte de Jesus. Eles estão se afastando do mistério pascal de Cristo. Em ambos os casos eles voltam. É isso que faz toda a diferença,  voltar sempre para Deus, não ficar longe. É O arrependimento que nos abre a porta novamente para entramos na “casa do Pai”, onde abundantes graças são dadas gratuitamente.

            Maria tem continuamente nos ensinado a permanecer junto do seu Filho Jesus. Na França, no século XIX Maria apareceu a uma jovem noviça chamada Catarina de Labouré. A religiosa foi chamada até a capela onde a Mãe do Nosso Salvador a aguardava. Guiada por uma luz radiante, a Filha da Caridade chega até a capela. Ali ela vê a Santa Maria, mãe de Deus, mostrar o altar onde estava o presbitério e dizer: “Venha aos pés deste altar. Aqui, as graças serão dadas a todos que pedirem com confiança e fervor”.

Do altar, do mistério eucarístico, nosso Deus dispensa graças abundantes sobre todos nós. Nessa sagrada refeição somos chamados a “comer” e a “beber”. Isso significa que somos chamados a participar da vida do Cristo morto e ressuscitado que nos alimenta. Como podemos enfrentar as provações e tentações se estivermos fracos? Cristo é nosso alimento, nossa força! .

            Na segunda aparição da Mãe de Deus a Catarina ela vê dois quadros vivos, juntos um do outro, nos quais Maria estava de pé sobre um globo terrestre, esmagando uma serpente com seus pés. No primeiro quadro, a jovem Filha de Sião tinha consigo um pequeno globo dourado em suas mãos, com uma cruz que subia aos céus. Catarina ouve: “Esta esfera representa o mundo inteiro e cada pessoa em particular”. No segundo quadro, Catarina vê as mãos de Maria abertas, cheias de anéis com pedras preciosas. Desses anéis saem uns raios de brilho belíssimo. Ao mesmo tempo ela ouve uma voz que diz: “Estes raios são o símbolo das graças que eu consigo para a humanidade”. Em uma terceira aparição Maria diz a Catarina: “Estes raios são o símbolo das graças que a Virgem Santíssima consegue para as pessoas que lhe pedem… Já não me verás mais”

            A cheia de Graça poderia fazer outra coisa se não interceder por um grande “derramamento de graças?”. Por isso, devemos orar com insistência pedindo a intercessão da Santa Maria, Mãe de Deus para que graças abundantes sejam derramadas sobre o mundo inteiro.

Graça é um favor. Dessa forma, Maria ora para que o favor de Deus não nos falte em momento algum. Ela ora para que nos aproximemos do “Pai das misericórdias”, que estejamos sempre a mesa para celebrar “a festa dos redimidos”. Maria, a mãe do Nosso Salvador não se cansa de rogar para que a graça da conversão seja abundante em nosso meio. Seu Filho Jesus já dizia: convertam-se! Essa é sem dúvida a grande graça para os nossos tempos.

Oração de Nossa Senhora das Graças:

Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe,
ao contemplar-vos de braços abertos
derramando graças sobre os que vo-las pedem,
cheios de confiança na vossa poderosa intercessão,
inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa,
embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas,
acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração,
as nossas mais prementes necessidades.

Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa,
este favor que confiantes vos solicitamos,
para maior Glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas.
E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho,
inspirai-nos profunda aversão ao pecado e dai-nos
coragem de nos afirmar sempre como verdadeiros cristãos. Amém – (Rezar 3 Ave Marias). Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.